Seis tendências para o setor de pagamentos nos próximos cinco anos, incluindo moedas digitais
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Acreditamos na total transparência com nossos leitores. Parte do nosso conteúdo inclui links de afiliados, e podemos ganhar uma comissão através dessas parcerias.A indústria global de pagamentos deve passar de uma cifra de US$ 2,4 trilhões em 2023 para US$ 3,1 trilhões em 2028. A McKinsey levantou as seis tendências que vão moldar este setor nos próximos cinco anos, incluindo, naturalmente, as criptomoedas. Confira os principais insights apresentados em recém-lançado estudo da consultoria.
1. Uso de dinheiro continua a cair, de forma desigual
O uso de dinheiro para pagamentos segue caindo globalmente, a uma taxa média de 4% ao ano. Mas, segundo a McKinsey, cerca de US$ 26 trilhões de pagamentos ainda são feitos em dinheiro, o que representa uma gigante oportunidade para a digitalização.
Nesse sentido, despontam mercados em desenvolvimento, com pouca utilização de cartões, assim como Índia, Indonésia e Malásia. Nesses locais, pagamentos instantâneos online estão rapidamente substituindo o dinheiro em espécie, e esse movimento deve crescer.
O dinheiro também segue perdendo força em países em que os pagamentos já são dominados por cartões, como os Estados Unidos. De acordo com o estudo, a mesma tendência vale para nações onde culturalmente ainda existia uma preferência cultural por dinheiro em espécie, como Alemanha e Japão.
A diferença é que essa transição vai seguir ritmos e formatos diferentes em cada região.
2. Pagamentos instantâneos assumem protagonismo
A McKinsey estima que, em mercados com largo histórico de uso de dinheiro em espécie, como Brasil e Índia, os pagamentos instantâneos vão se expandir cada vez mais. Entre os fatores que vão impulsionar esse crescimento está a permissão para explorar a interoperabilidade, combinada a propostas comerciais mais competitivas e ofertas mais atraentes para os consumidores.
Movimento semelhante deve ocorrer na União Europeia. A consultoria prevê eque o número de transações por pagamento instantâneo na região vai passar de cerca de 3 bilhões atualmente para quase 30 bilhões em 2028.
O estudo destaca, no entanto, que a transição para pagamentos instantâneos online deve ser um pouco mais complexa em mercados dominados por cartões, como, por exemplo, Estados Unidos e Reino Unido.
3. Infraestruturas Públicas Digitais catalisam transição
As infraestruturas Públicas Digitais (IPDs) são soluções estruturantes que adotam padrões de tecnologia em rede para o interesse público. Elas são projetadas para serem usadas por diversas entidades dos setores público e privado, seguindo os princípios de universalidade e interoperabilidade.
O estudo revela que, em mercados como o Brasil, a Estônia e a Índia, iniciativas nessa área tem estimulado o desenvolvimento de ecossistemas de pagamentos digitais robustos, eficientes, inclusivos e competitivos. A consultoria estima, ainda, que algo semelhante ocorra em mercados emergentes como Indonésia, Nigéria e Peru.
O relatório, porém, faz um alerta. Economias desenvolvidas que não contarem com esse tipo de iniciativa poderão enfrentar limitações para combater fraudes ou suportar a digitalização dos serviços.
4. CBDCs vão estabelecer patamar para moedas digitais
De acordo com a McKinsey, mais de 90% dos bancos centrais estão desenvolvendo ou considerando desenvolver uma CBDC (ou seja, uma moeda digital criada pelo próprio banco central). Mais de 30 já têm programas-piloto em andamento.
Apesar disso, o estudo aponta que o entusiasmo inicial com relação às CBDCs arrefeceu um pouco. No entanto, a pesquisa estima que essas moedas vão exercer três funções importantes no setor de pagamentos.
- Em primeiro lugar, as CBDCs vão definir um nível básico de funcionalidade, custo e serviços que os usuários podem esperar de uma moeda digital.
- Além disso, ajudarão a manter sob controle o preço das ofertas comerciais.
- Por fim, vão servir como alternativa para grandes, porém muitas vezes opacas, stablecoins do setor privado.
No Brasil, o Banco Central está desenvolvendo o Drex, o chamado Real Digital, que valerá o mesmo que o real. A CBDC brasileira está na segunda etapa de testes, e a previsão é que seja lançamento em 2025 ou, mais provavelmente, 2026.
5. Bancos imitarão experiências do consumidor
O chamado transaction banking se tornou um diferencial para as grandes instituições do setor financeiro. Tanto que, em alguns casos, respondem por boa parte da receitas e ajudam a fortalecer o relacionamento com clientes e parceiros.
Segundo o estudo, esse movimento seguirá crescendo e a tendência é que os clientes comerciais de serviços de transaction banking demandem e recebam interfaces tão intuitivas quanto as que encontram em suas vidas pessoais.
Na medida em que a tecnologia for evoluindo, a expectativa é que haja uma integração mais rápida e profunda entre os sistemas bancário e empresariais. Além disso, o aumento da concorrência nessa área deve promover uma melhoria na funcionalidade e na experiência do usuário.
6. Intermediários continuarão assegurando sua fatia
A consultoria estima que marketplaces e plataformas de comércio agregadoras respondem por 30% das compras dos consumidores, globalmente. Aí entram, por exemplo, empresas como Shopify, Amazon e eBay, entre outras. Esse movimento deve se manter.
Onde investir
Em sua análise, a McKinsey conclui que operadores e disruptores provavelmente vão investir em três grandes áreas, para aproveitar o crescimento desse mercado.
- A primeira é a oferta de pagamentos instantâneos em setores com boas margens de retorno. A consultoria destaca, particularmente, os seguintes segmentos: pagamentos transfronteiriços; gestão dos recursos financeiros das empresas, incluindo contas a receber e contas a pagar; payouts, reembolsos e folha de pagamento.
- Em seguida, o estudo aponta melhorias nos sistemas para prevenir fraudes e combater lavagem de dinheiro. Essa é uma forte necessidade do mercado atualmente e deve seguir sendo nos próximos anos. Consequentemente, será preciso investir no cumprimento de regulamentações emergentes no sentido de detectar e prevenir fraudes em tempo real (ou quase em tempo real).
- Por fim, infraestruturas e sistemas que conseguem operar de forma segura quando se tratam de grandes volumes. Em outras palavras, o relatória ressalta que os reguladores estão intensificando suas demandas por processos de pagamento mais rápidos e eficientes, com baixo custo para consumidores e negócios. Isso vai exigir, portanto, estruturas que deem conta de grandes volumes e viabilizem reembolsos, solução de disputas e afins em tempo real.
Como conclusão, a consultoria afirma que os pagamentos globais ainda não são ubiquamente seguros, simples, rápidos e baratos. Mas esse é o objetivo. E a indústria está fazendo progressos em várias frentes ao mesmo tempo.