Criptomoeda de Eike Batista é alvo de investigação na CVM

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) iniciou uma investigação sobre a criptomoeda lançada por Eike Batista, ex-bilionário brasileiro conhecido por projetos ousados e polêmicos.
A análise, ainda preliminar, busca entender se há oferta irregular de valores mobiliários no projeto batizado de Super Cana.
Eike lançou o projeto no final de fevereiro de 2025, durante uma reunião com empresários. Segundo ele, o objetivo é tokenizar um combustível derivado do etanol, com promessa de melhor qualidade.
O token, batizado de $EIKE, foi criado na blockchain Solana e segue em pré-venda por US$ 1, com foco exclusivo em investidores dos Estados Unidos.
A CVM reforça a fiscalização sobre o mercado de criptomoedas, especialmente quando os tokens se aproximam das características de um valor mobiliário. Recentemente, o órgão regulador ordenou a suspensão de ofertas de tokens pela Mercado Bitcoin, demonstrando sua atenção a possíveis infrações.
No caso de Eike, ainda não houve nenhum comunicado oficial aos investidores. A CVM apenas solicitou informações formais sobre o projeto, de acordo com o advogado Daniel Bar. Ele afirmou que a empresa entregou toda a documentação dentro do prazo, tratando a ação como parte do processo padrão da autarquia.

Imagem de Eike Batista impulsiona o token
Mesmo sem participação societária na BRXe, empresa responsável pelo projeto, Eike Batista é o rosto mais visível do empreendimento.
O token leva seu nome e usa sua imagem como atrativo para a captação de recursos. No entanto, o empresário afirma que não pode atuar como sócio nem investir, pois seus bens seguem indisponíveis por decisões judiciais.
“Eike é apenas o garoto-propaganda”, reforçou seu advogado. A estratégia busca atrair atenção internacional sem infringir limites legais no Brasil.
A promessa da Super Cana é ambiciosa. O combustível alternativo, segundo seus criadores, tem potencial para revolucionar a matriz energética limpa com maior eficiência que o etanol tradicional. A tokenização serviria para captar investimentos e financiar a produção em larga escala.
Mesmo assim, a investigação da CVM acendeu um sinal de alerta entre analistas e investidores. A principal dúvida gira em torno de como o projeto se enquadra na regulação brasileira e se, de fato, está sendo oferecido apenas no exterior.
Mercado observa com cautela
O mercado de criptoativos já demonstrou, nos últimos anos, grande interesse por novos modelos de captação via tokens.
No entanto, sem clareza sobre a legalidade das ofertas, muitos preferem aguardar. A investigação da CVM, embora não signifique uma infração, reforça a necessidade de transparência total em projetos com alcance internacional.
Até o momento, não há indício de irregularidade formal, mas a combinação entre tokenização, imagem pública forte e promessa de retorno financeiro sempre exige atenção. A CVM deve avaliar se o projeto $EIKE fere alguma norma de oferta pública de valores mobiliários.

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