Eleição nos EUA: por que candidatos estão aceitando mais doações em criptomoedas neste ano

Nas eleições deste ano nos Estados Unidos, vários candidatos políticos estão aceitando doações em criptomoedas, a fim de impulsionar suas campanhas.
Donald Trump se tornou o primeiro candidato a aceitar doações cripto, lançando, inclusive, uma plataforma para arrecadar esse tipo de doação. Criada em maio, a plataforma viabiliza contribuições por meio do Coinbase Commerce.
O comitê democrata Future Forward também recebe doações por meio do Coinbase Commerce, segundo um representante da Coinbase.
O candidato a senador republicano John Deaton, adversário da senadora democrata Elizabeth Warren, também anunciou que aceita doações em criptomoedas e o apoio da comunidade cripto.
Além disso, o senador republicano Ted Cruz afirmou, em recente entrevista, que sua campanha também aceita doações em Bitcoins (BTC).
Por que isso está acontecendo?
Na medida em que as eleições de 2024 nos Estados Unidos se aproximam, fica cada vez mais claro que doação em criptomoeda é uma das mais populares tendências do ano, no campo político.
Por um lado, esse movimento pode ser considerado revolucionário. Por outro, é importante entender porque as doações cripto estão ganhando força neste momento.
Dennis Porter, cofundador e CEO do Satoshi Action Fund (uma organização sem fins lucrativos focada na educação de legisladores sobre criptomoedas), falou sobre sua trajetória no sentido de orientar candidatos políticos a aceitar doações em Bitcoin, via Lightning Network.
“Eu ajudei os ex-candidatos a presidente Robert F. Kennedy Jr. e Vivek Ramaswamy a aceitar Bitcoin para suas campanhas, além de vários outros candidatos ao Congresso”, afirmou.
Porter começou a ajudar políticos a navegar no universo das doações em Bitcoin em 2020. E, segundo ele, o volume de políticos que “abraçaram” o setor cripto neste ano é notável.
De acordo com Porter, isso, definitivamente, emite um sinal positivo e encoraja o apoio da comunidade cripto.
Benefícios e Desafios
Kara Calvert, Vice President for US Policy na Coinbase, enfatizou que o setor cripto representa o futuro do dinheiro, devido à sua agilidade e custo-benefício.
Segundo ela, a adesão cripto nesta campanha acabou destacando o grande volume de moradores dos Estados Unidos que não têm acesso adequado aos serviços financeiros tradicionais.
Além disso, Lee Bratcher, Presidente do The Texas Blockchain Council, enfatizou as potenciais vantagens, para os indivíduos, no caso de doações em cripto.
“Apesar de as doações políticas não serem dedutíveis de impostos, em alguns casos as doações criptomoedas não são consideradas transações ‘taxáveis'”, afirmou Bratcher. “Dessa maneira, isso potencialmente reduz os impostos sobre ganhos de capital, se o valor da criptomoeda doada tiver valorizado”.
Embora aponte possíveis benefícios dessa prática, Porter reconhece que candidatos que aceitam doações em Bitcoin costumam receber valores modestos. “Candidatos que aceitam BTC podem antecipar doações substanciais em criptomoeda, mas esse não costuma ser o caso”, afirmou. Isso porque, segundo ele, as pessoas preferem doar em dinheiro e manter seus Bitcoins.
Porém, ele se mantém otimista e acredita que, na medida em que o Bitcoin se estabilizar e a infraestrutura de suporte se desenvolver, os políticos verão um impacto mais tangível.
“Existe, ainda, uma necessidade de produtos que realmente motivem os candidatos a buscar doações em BTC, permitindo tomar empréstimos em Bitcoin em vez de vendê-los”, sugeriu.
Ele propôs, ainda, a integração de mais incentivos para doações em Bitcoin, a exemplo de acesso exclusivo ou tickets para eventos.
A crescente influência cripto na arena política
Além das contribuições individuais, a influência das criptomoedas se estende às doações políticas corporativas.
Empresas de criptomoedas são, agora, responsáveis por quase metade de todas as doações corporativas para as eleições deste ano.
Um recente relatório da Public Citizen, organização sem fins lucrativos, revelou que cerca de US$ 119 milhões foram arrecadados a partir de um diverso pool de doadores. Segundo o levantamento, a Coinbase e a Ripple respondem por mais de 80% dessas doações.
Uma grande parte desses recursos vem de fundos e comitês políticos (os chamados super PACs) que apoiam candidatos pró-cripto. Uma deles é o Fairshake, bancado por proeminentes empresas criptos, que serve como exemplo desta tendência.
Executivos bilionários do universo cripto e investidores de risco também figuram entre os que doam em cripto. Como, por exemplo, US$ 44 milhões dos fundadores da Andreessen Horowitz e US$ 5 milhões dos gêmeos Winklevoss.
O relatório também revela que, nos últimos três ciclos eleitorais, as doações de empresas de criptomoedas representaram 15% de todas as contribuições corporativas.
Em termos de gastos eleitorais, as empresas de criptomoedas estão atrás apenas dos gigantes dos combustíveis fósseis. Nos últimos 14 anos, as empresas desse setor investiram US$ 176 milhões. Entre elas está a Koch Industries, que contribuiu com US$ 73 milhões.
Ao passo que as campanhas políticas nos Estados Unidos adotam cada vez mais as criptomoedas, isso sinaliza uma maior aceitação, além da probabilidade de haver regulações mais claras num futuro próximo. Essa combinação poderia levar a uma adesão maior às criptomoedas, tanto no campo político como para além dele.
No Brasil, doação em criptomoeda não é permitida
Segundo decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições deste ano, no Brasil, não são permitidas doações em criptomoedas para campanhas eleitorais. Em outras palavras, os candidatos só podem receber doações para suas campanhas políticas no país por meio de moedas fiduciárias.

Leia mais:
- BUIDL da BlackRock cresce à medida que os fundos de Tesouro Tokenizados ultrapassam US$ 2 bilhões
- Capitalização de mercado das stablecoins atinge recorde de US$ 168 bilhões após 11 meses de crescimento
- Alerta para usuários do Mac Apple: malware “Cthulhu Stealer” está atacando carteiras de criptomoedas






