Eleições EUA: empresas de criptomoedas batem recorde de financiamento

As empresas de criptomoedas estão fazendo investimentos impressionantes no ciclo eleitoral federal dos Estados Unidos. Afinal, até o momento, elas contribuíram com quase metade de todas as despesas corporativas diretas nas eleições dos EUA.
As informações são de um relatório recente do Public Citizen. Segundo esse grupo de defesa dos direitos dos consumidores, a indústria cripto contribuiu com US$ 119 milhões do total de US$ 248 milhões que as empresas gastaram até agora.
O setor está cada vez mais buscando influenciar em leis e regulamentações que favoreçam seu crescimento. Portanto, apoiam candidatos que são pró-cripto. O objetivo das empresas é impulsionar regras que sejam mais flexíveis ou forneçam diretrizes claras para o setor. Afinal, isso pode ajudar a reduzir as incertezas referentes à regulamentação das criptomoedas.
Coinbase e Ripple doaram US$ 107,9 milhões para fundo
A maior parte dos recursos do setor foi para o Fairshake PAC, um fundo com foco em financiar candidatos que favorecem os interesses das criptomoedas. Este ano, o Fairshake PAC já arrecadou US$ 202,9 milhões. E mais de US$ 107,9 milhões vieram de grandes empresas de criptomoedas, como Coinbase e Ripple.
Além disso, os fundos restantes provêm principalmente de executivos bilionários do universo cripto e de investidores de risco. Por exemplo, os valores incluem US$ 44 milhões dos fundadores da Andreessen Horowitz, US$ 5 milhões dos gêmeos Winklevoss e US$ 1 milhão do CEO da Coinbase, Brian Armstrong.
No entanto, empresas como Coinbase e Ripple forneceram mais da metade do apoio financeiro do Fairshake. Afinal, os US$ 107,9 milhões dessas duas empresas representam 53% do total.
Segundo a Public Citizen, os gastos corporativos nessas eleições chegaram a uma magnitude nunca antes vista.
Gigantes dos combustíveis fósseis ainda lideram doações nos EUA
Além disso, o relatório mostra que, nos últimos três ciclos eleitorais, as doações de empresas de criptomoedas representaram 15% de todas as contribuições corporativas.
Essa porcentagem se aplica ao total de doações desde a decisão da Suprema Corte dos EUA de 2010, que permitiu contribuições ilimitadas para os chamados “super PACs”. Essas entidades não devem ter uma coordenação direta com as campanhas dos candidatos.
Em termos de gastos eleitorais, as empresas de criptomoedas estão atrás apenas dos gigantes dos combustíveis fósseis. Afinal, nos últimos 14 anos, as empresas desse setor investiram US$ 176 milhões.
Por exemplo, a Koch Industries se destaca por ter contribuído com US$ 73 milhões. Grande parte desse dinheiro foi para a Americans for Prosperity, uma organização que apoiou fortemente os republicanos do Tea Party durante a presidência de Barack Obama.
O estudo examina apenas as doações de empresas para super PACs e PACs híbridos. Afinal, essas organizações são obrigadas a relatar suas contribuições à Federal Election Commission.
Trump é o preferido do universo cripto
O candidato do Partido Republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, é o preferido dos empresários e usuários do universo cripto nas eleições deste ano. Afinal, recentemente, ele tem se esforçado para agradar a esse público.
Em julho, Trump esteve na Conferência Bitcoin em Nashville, Tennessee. Isso foi logo depois de ele sobreviver a uma suposta tentativa de assassinato durante um comício na Pensilvânia. Portanto, acabou chamando a atenção por servir como uma espécie de reverência ao setor.
Antes disso, em junho, o ex-presidente já havia excitado os usuários de criptomoedas ao declarar que encerraria a “guerra às criptomoedas” do governo Biden se fosse eleito presidente. Isso veio depois de ele dizer que os Estados Unidos deveriam se esforçar para assumir a liderança da indústria de criptomoedas.
Isso tem sido entendido como uma mudança de postura importante de Trump. Afinal, anteriormente, ele chegou a declarar que o Bitcoin era uma “fraude”. No entanto, agora, acena com uma postura mais favorável, o que poderia ter impactos sobre a regulação do setor ao nível federal.
Além disso, Trump revelou recentemente investimentos em criptomoedas que podem chegar a US$ 5 milhões. Ele também ganhou mais de US$ 7 milhões com seu empreendimento em tokens não fungíveis (NFTs).
Essas informações se tornaram públicas com as divulgações financeiras para a eleição de 2024. Segundo o grupo Citizens for Ethics, Trump disse deter Ether com valor entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões.
Para especialista, promessas de Trump são impossíveis de cumprir
Apesar do otimismo do setor, ainda é incerto o impacto que uma eventual vitória de Trump poderia ter sobre a regulação de criptomoedas nos EUA.
Segundo a professora Tonya Evans, especialista em ativos digitais, algumas das promessas feitas por Donald Trump durante a campanha são literalmente impossíveis de honrar, caso ele seja eleito.
Por exemplo, o candidato republicano se comprometeu a demitir Gary Gensler, presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) logo no primeiro dia de mandato. No entanto, um processo como esse seria difícil, podendo demorar meses ou até anos para ser finalizado.
Evans também minimiza o fato de Kamala Harris, a candidata democrata à presidência dos EUA, não ter uma posição clara sobre o tema das criptomoedas até o momento. Afinal, a professora considera o tema complexo, o que requer uma análise exaustiva do impacto de eventuais mudanças na regulamentação.
“O recente posicionamento pró-cripto de Donald Trump levou cerca de três anos e meio para ser desenvolvido, após anos de críticas abertas (e tributação severa). É, portanto, curioso que alguns eleitores agora demandem uma mudança imediata de Harris, enquanto faz a transição da vice-presidência dos Estados Unidos para a candidatura a presidente do país. Novos posicionamentos políticos, especialmente em assuntos complexos como o setor de criptomoedas, exigem cuidadosa deliberação e tempo – algo que Trump teve, e Harris também merece ter.”

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