Visa cria plataforma para ajudar bancos a emitir tokens atrelados a moedas fiduciárias

A Visa lançou uma nova plataforma para apoiar instituições financeiras a emitir tokens atrelados a moedas fiduciárias (fiat). Dessa forma, a empresa se posiciona na vanguarda da integração entre a tecnologia blockchain e sistema bancário.
A plataforma permitirá a transição da infraestrutura financeira tradicional para sistemas digitais alimentados por blockchain. Quem está guiando os bancos nesse processo é o núcleo de criptoativos da Visa, liderado por Cuy Sheffield.
Visa na Web3
A Visa vem acompanhando de perto a evolução da tokenização. Em particular, quando bancos centrais e instituições comerciais buscam modernizar seus sistemas de pagamento e liquidação.
Segundo Cuy Sheffield , a Visa Tokenized Asset Platform (VTAP), como a plataforma é chamada, vai permitir que os bancos explorem essas tecnologias em um ambiente regulamentado.
Um dos bancos participantes é o Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), da Espanha, que já está testando o sistema. O plano é lançar um piloto na blockchain Ethereum em 2025. Similarmente, a Visa está explorando em Hong Kong o uso de depósitos tokenizados para liquidação transfronteiriça de títulos tokenizados. O projeto é realizado em parceria com o banco australiano ANZ.
Enquanto fintechs como PayPal se posicionaram na vanguarda da inovação com relação às stablecoins, o movimento da Visa sinaliza que grandes instituições financeiras agora estão prontas para fazer experimentos com a tecnologia blockchain.
Nesse sentido, a Visa pretende ajudar essas empresas a navegar pelas complexidades regulatórias e, ao mesmo tempo, abrir novas oportunidades de liquidez e movimentação de dinheiro em tempo real.
Executivos da Visa identificaram transferências de dinheiro em tempo real e pagamentos transfronteiriços como principais funcionalidades de tokens lastreados em moeda fiduciária.
Os bancos podem aproveitar esses tokens para mover dinheiro entre os clientes de forma integrada, de maneira semelhante ao JPM Coin System, do JPMorgan, que funciona como um sistema de pagamento autorizado.
Soluções para bancos
Em regiões onde bancos centrais estão desenvolvendo CBDCs (moedas digitais dos próprios bancos centrais), esses tokens lastreados em moedas fiduciárias poderiam, ainda, facilitar transferências entre bancos. Aumentando, desse modo, a eficiência das transações financeiras.
De acordo com Catherine Gu, head de CBDC and ativos tokenizados na Visa, transferências transfronteiriças são um grande alvo do projeto. Ela argumenta que, especialmente para corporações multinacionais que movem dinheiro 24 horas por dia, os sistemas são muito limitados atualmente.
A tecnologia blockchain oferece uma boa solução ao permitir transações mais ágeis e eficientes. Exatamente o motivo pelo qual os grandes bancos estão dispostos a explorar essa nova oportunidade, afirma Catherine Gu.
Inovações e desafios
A Visa argumenta, ainda, que interação com ativos tokenizados do mundo real é outra frente que deve gerar uma expressiva demanda por tokens atrelados a moedas fiduciárias.
Desse modo, os bancos poderiam permitir que seus clientes usassem esses tokens para comprar commodities tokenizadas ou títulos do governo, com a tecnologia blockchain viabilizando liquidação instantânea.
Sheffield destacou, ainda, o potencial para os bancos usarem contrato inteligentes para criar produtos financeiramente estruturados, como, por exemplo, empréstimos contra mercadorias tokenizadas automaticamente por meio de smart contracts.
Apesar de todas essas oportunidades, a Visa reconhece que ainda existem vários desafios nesse campo. Principalmente no que diz respeito à fragmentação de plataformas de tokenização.
Instituições financeiras diferentes podem optar por operar em várias blockchains públicas e privadas, dependendo dos seus objetivos e os ambientes regulatórios.
Como resultado, essa falta de uniformidade representa um grande obstáculo para a adoção em massa, uma vez que isso complica as interações entre as instituições.
A Visa está trabalhando para resolver essas questões ao promover padrões globais para serviços financeiros baseados em blockchain. Dessa forma, se asseguraria que as instituições financeiras pudessem operar eficientemente em várias redes blockchains diferentes.
Mais um exemplo do posicionamento inovador da Visa com relação ao setor bancário é a parceria com a Transak, provedora de infraestrutura Web3. O objetivo é melhorar a adoção das criptomoedas permitindo que os usuários convertam criptomoedas em moedas fiduciárias diretamente por meio dos cartões de débito da Visa.
Essa processo usa o Visa Direct, que viabiliza retiradas em tempo real de carteiras digitais como a MetaMask e permite que os usuários gastem saldos em cripto em mais de 130 milhões de localidades comerciais.

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