As criptomoedas ao alcance de poucos – Apenas 30% dos brasileiros têm habilidades digitais básicas, afirma a Anatel
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O mercado de ativos digitais e as ferramentas de inteligência artificial ainda estão restritas apenas a um grupo de brasileiros. Isso porque, para estar inserido nessa nova realidade, são necessárias algumas habilidades digitais. No entanto, segundo a Anatel, poucos brasileiros detém capacidade de realizar tarefas básicas online.
A informação chegou em um momento crucial para o país. Isso porque, o Brasil vem se destacando como um mercado promissor. Contrastando com esse crescimento, o estudo da Anatel indica que grande parte da população ainda não passou pelo processo de educação digital. O motivo: apenas 29,9% das pessoas dominam habilidades digitais básicas.
Os dados vieram a público justamente quando o Governo Federal está avançando na regulamentação das criptomoedas. Além disso, as políticas públicas têm apostado mais na tokenização. A prova disso está no investimento que o país fará no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). Serão aportados cerca de US$ 23 bilhões para acelerar a digitalização e se destacar no mercado internacional
No entanto, a falta de afinidade com a tecnologia pode atrapalhar o alcance desses objetivos.
Anatel avaliou a capacidade digital dos brasileiros com diversos tipos de tarefas
O estudo promovido pela Anatel avaliou a capacidade do público-alvo para executar atividades digitais básicas, intermediárias e avançadas. As ações mais simples incluíram mover ou copiar um arquivo, transferir pastas entre dispositivos diversos e até mesmo colocá-los na nuvem. Com relação a esse tipo de habilidade, cerca de 29,9% dos brasileiros estudados demonstraram boas habilidades.
No caso de ações intermediárias, foram incluídas tarefas mais complexas. Como, por exemplo, usar fórmulas aritméticas básicas em planilhas de cálculo, criar apresentações em softwares especializados e afins. Além disso, considerou-se também as competências para conectar ou instalar equipamentos eletrônicos, tais como modems, impressoras, câmeras, microfones e outros periféricos de uso frequente. Nesta categoria, apenas 17,9% da população demonstrou ter afinidade com os hardwares e softwares.
No nível avançado, as habilidades digitais requeridas incluem a criação de programas de computador ou ainda para celulares. Neste caso, apenas 3,4% da população possui essa capacidade.
Segundo informações da Anatel, os níveis de habilidades seguem os padrões da União Internacional de Telecomunicações (UIT). Além disso, os dados usados na pesquisa são do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação (CETIC), da pesquisa TIC Domicílios, feita pelo órgão em 2023.
A desigualdade no Brasil pode ser a causa do analfabetismo digital
O Brasil é um país de dimensões continentais. Dentro do nosso território, existem muitas formas de vida e muita desigualdade social. Portanto, o alto grau de analfabetismo digital pode ser um dos sintomas dessa desigualdade. Pessoas com maior acesso à educação de qualidade e maiores recursos, tendem a ter mais afinidade com o meio tecnológico.
Fatores como localização em áreas rurais e baixa renda também podem impactar o acesso aos meios e recursos digitais. Com menor possibilidade de adquirir aparelhos de ponta, há uma maior dificuldade no uso e na configuração de equipamentos digitais e afins.
As áreas rurais enfrentam ainda mais dificuldades, visto que em muitos locais não há boa cobertura de sinal de telefonia ou internet. Em alguns locais mais isolados, sequer está disponível o fornecimento de eletricidade. Nesses rincões, os equipamentos tecnológicos são escassos e de acesso quase impossível.
Os dados da Anatel também apontaram para diferenças regionais gritantes. O Sudeste do Brasil, por exemplo, é a região do país com maior número de habitantes com capacidades digitais intermediárias e avançadas.
A região é seguida pelo Sul e pelo Centro-Oeste, que também contam com bons índices de alfabetização digital. Ao contrário disso, o Norte e o Nordeste têm as populações com menores índices de habilidades digitais.
Outro ponto da pesquisa que chama a atenção está na disparidade de gêneros. Os homens são maioria nas três categorias de habilidades analisadas. Assim como os brancos que também demonstram mais facilidade que os negros, pardos e indígenas.
Metas da Anatel para alfabetização digital no Brasil
Como mencionado anteriormente, o Brasil está passando por uma fase de tokenização intensa. O Congresso Nacional trabalha para regulamentar a circulação dos ativos digitais de uma vez por todas. Ao mesmo passo, o Banco Central busca estabelecer diretrizes para a atuação das corretoras no território nacional.
A Anatel entrou no Plano Estratégico 2023-2027 de alfabetização dos usuários de TICs. A ideia da agência reguladora é identificar algumas dificuldades da população e auxiliar no avanço da alfabetização digital no Brasil. Por isso, uma meta foi traçada e incluída no plano estratégico do Governo Federal.
Agora, o governo busca ter pelo menos 30% da população com mais de 10 anos com habilidades digitais intermediárias. As metas para alfabetização avançada não foram informadas nem pela agência, nem constam no plano estratégico.
Essas finalidades definidas estão de acordo com as diretrizes internacionais e em vigor para se adequarem aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
A alfabetização digital do Brasil no cenário internacional
Outros países integrantes do G20 usaram os parâmetros da UIT para avaliar as condições e o contexto da digitalização em todos os países. O Brasil ocupa, atualmente, a décima segunda posição na lista dos quatorze países que aplicaram os testes. Com esse resultado, ficamos na frente apenas da Turquia e da África do Sul.
Os países com maior movimentação de criptomoedas, como os Estados Unidos e a Índia, não estão incluídos nesse estudo. Portanto, não existem dados para proceder uma comparação com tais países. No entanto, devido ao avanço da tokenização naqueles locais, estima-se que os números sejam melhores do que os apresentados no Brasil.
O incentivo à inclusão digital deixou de ser uma opção para o Brasil e agora é uma necessidade. Diante das ambições de se tornar uma referência no mercado digital, é imprescindível que a tokenização esteja acessível para o máximo de pessoas possível. Afinal, ser pioneiro em regulamentação não é de todo útil, se a população não tem acesso aos investimentos mencionados em lei.
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