Stripe volta a aceitar pagamentos com criptomoedas após 6 anos

A gigante global de pagamentos Stripe restabeleceu oficialmente a opção de pagamentos com criptomoedas após um hiato de 6 anos. A plataforma agora aceita pagamentos em USD Coin (USDC), uma stablecoin atrelada ao dólar americano, nas redes Ethereum, Solana e Polygon.
Por enquanto, o recurso está disponível apenas para empresas dos EUA. No entanto, a expectativa é de que essa opção chegue a outros países futuramente — e isso inclui, claro, o Brasil.
A nova funcionalidade permite que as empresas recebam pagamentos em stablecoins de clientes de mais de 150 países. Por outro lado, a liquidação se dá em dólares americanos. Ou seja, os valores não chegam em USDC até a outra ponta.
Isso simplifica muito as transações de criptomoedas. Afinal, permite que os vendedores recebam pagamentos sem ter que gerenciar ou converter diretamente os ativos digitais.
Mas outro detalhe chama a atenção nessa novidade: a Stripe voltou a aceitar criptos depois de um longo período. Isso porque a plataforma permitia pagamentos com Bitcoin (BTC) até 2018. No entanto, desabilitou essa opção devido a preocupações com a velocidade das transações, valores de taxas e volatilidade do preço.
Agora, a abordagem parece mais conservadora. Afinal, a empresa optou por uma stablecoin para retomar o contato com o universo cripto. Ou seja, mesmo com o aumento de preço do Bitcoin ao longo de 2024, esse ativo ainda não estará disponível na Stripe.
Cripto para empresas: Stripe USDC Payments
Jeff Weinstein, o líder de produto da Stripe, anunciou no X (antigo Twitter) que “as criptomoedas estão oficialmente de volta à Stripe”:
O novo recurso “Pay with Crypto” da Stripe deve agilizar as transações com criptomoedas, convertendo pagamentos em USDC em moeda fiduciária.
As empresas verão esses pagamentos em seu saldo da Stripe já em dólares americanos, eliminando as complexidades frequentemente associadas à manutenção e conversão de criptomoedas.
A integração oferece suporte ao Stripe Checkout, Payment Elements e Payment Intents API. Portanto, as empresas podem oferecer pagamentos com criptomoedas juntamente com os métodos tradicionais, como cartão de crédito.
Além de simplificar as transações, a Stripe introduziu recursos importantes. Por exemplo, oferece à empresas responsabilidade zero por eventuais litígios. Além disso, os clientes recorrentes podem aproveitar o checkout em um clique usando o Link, o serviço de identidade do cliente da Stripe.
Essas funcionalidades adicionam uma camada de conveniência ao número crescente de pagamentos com stablecoins. Já os limites para pagamentos com criptos serão de US$ 10.000 por transação e US$ 100.000 por mês. Eo Stripe cobrará uma taxa de transação de 1,5%.
A empresa lançou o recurso para centenas de milhares de empresas com sede nos EUA. No entanto, já trabalha para expandir o serviço para outros países em breve.
Estratégia renovada
A Stripe agora deve voltar a brigar com concorrentes como o PayPal, que oferece transações com criptomoedas desde 2021.
Assim como o PayPal, a Stripe agora permite que os vendedores se beneficiem da adoção cada vez maior de stablecoins, em específico o USDC. Essa moeda se tornou popular devido à estabilidade de preço e à sua compatibilidade com ecossistemas de finanças descentralizadas (DeFi).
A Stripe citou problemas com a volatilidade do Bitcoin, altas taxas de transação e lentidão no processamento como as razões para descontinuar o suporte a pagamentos com essa criptomoeda.
No entanto, o ressurgimento de stablecoins como o USDC, que mantêm um valor estável atrelado às moedas fiduciárias, ofereceu à Stripe uma nova oportunidade. Afinal, ela pode atender à crescente demanda por pagamentos com criptomoedas sem precisar ter as mesmas preocupações com volatilidade.
Com o papel crescente do USDC em pagamentos internacionais e finanças descentralizadas, a Stripe busca se posicionar como um player importante no espaço das stablecoins.
A integração do USDC nas redes Ethereum, Solana e Polygon permite que a empresa explore diferentes casos de uso. Por exemplo, pode cobrir desde o comércio online tradicional até serviços financeiros baseados em blockchain.
Stripe quer expandir uso de criptos
Como parte de sua estratégia de longo prazo, a Stripe também deu a entender que pretende expandir sua oferta de criptomoedas.
Isso inclui planos para dar suporte a assinaturas de criptomoedas, empréstimos e outros produtos financeiros alavancados em stablecoins. Os planos da Stripe também podem incluir a expansão para além do mercado dos EUA. Afinal, Jeff Weinstein sugeriu que a empresa planeja introduzir esse recurso em outras regiões em breve.
No início deste ano, a Bitstamp fez uma parceria com a Stripe para simplificar as compras de criptomoedas para consumidores da Europa. Nesse caso, o objetivo é agilizar o processo de conversão de moeda fiduciária para criptos.
Segundo o comunicado das duas empresas à época, esse recurso permite que, com algumas linhas de código, os desenvolvedores possam oferecer aos usuários uma experiência de checkout descomplicada. Entre as criptomoedas disponíveis com esse recurso33, estão o Bitcoin (BTC), Ether (ETH), USD Coin (USDC), Solana (SOL) e Stellar (XLM).
Da mesma forma, a Coinbase e a Stripe criaram uma parceria para introduzir três recursos.
Um deles é o suporte a USDC no Base para transferências internacionais mais rápidas. Também anunciaram um onramp de conversão de moeda fiduciária para criptos para facilitar a conversão de moeda em ativos digitais. Por fim, passaram a permitir que os usuários da Stripe comprem criptomoedas usando cartões de crédito ou Apple Pay.
Atraso para lançar a nova funcionalidade
A notícia de que a Stripe voltaria a aceitar criptomoedas já havia saído há alguns meses. E o mercado esperava que o recurso estivesse ativo no início do verão, considerando as expectativas da própria empresa.
No entanto, atrasos no projeto levaram ao seu adiamento para este mês. Weinstein fez piada em relação a esse atraso, afirmando que o cronograma estava alinhado com a temporada de verão de São Francisco, que ocorreria em outubro.
Apesar da demora, o serviço finalmente está disponível, e a Stripe espera compensar a demora com uma antecipação do suporte para países adicionais. Até o momento, a empresa não divulgou um cronograma para isso.
As stablecoins têm se popularizado no mundo todo, e no Brasil não é diferente. A Circle, que está por trás do USDC, chegou até mesmo a lançar uma parceria com o banco BTG Pactual para distribuir a moeda no país.
Quando houve o anúncio da parceria com o BTG, Jeremy Allaire, CEO da Circle, falou sobre o potencial que ele vê no mercado brasileiro:
“Existem muitas oportunidades poderosas no horizonte quando o ecossistema fintech do Brasil converge com a plataforma de dólar mais acessível do mundo.”
A Circle busca como clientes no país justamente as empresas que querem uma forma simples e barata de receber em dólares sem recorrer aos meios tradicionais. Portanto, tudo indica que o Brasil também será um mercado atraente para a Stripe em breve.
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