Mais de um terço dos investidores jovens têm criptomoedas em carteira, diz estudo

Um estudo da Rico com investidores que têm entre 24 e 35 anos mostrou que mais de 34,6% deles têm criptomoedas entre os ativos. As moedas digitais ficaram em quarto lugar entre os produtos mais visados pelo público alvo da pesquisa. Veja o ranking com os principais alvos desses investidores:
- Poupança: 50,4%;
- Renda fixa: 41%;
- Ações nacionais: 37,2%;
- Criptomoedas: 34,6%;
- Fundos de investimento: 33,1%;
- Fundos imobiliários: 28,2%;
- Ações internacionais: 25,6%;
- Previdência privada: 13,0%;
- Mercado futuro: 8,9%;
- ETFs (fundos de índices): 6,8%.
A Rico, uma empresa do grupo XP, entrevistou 1.008 para realizar esse levantamento. No entanto, o foco eram pessoas que já fizeram algum tipo de investimento. Portanto, os números não podem ser extrapolados para toda a população dentro dessa faixa etária.
Apesar disso, os dados sinalizam para uma tendência entre jovens adultos com interesse em investimentos. Afinal, mais de um terço deles já investe em criptos.
Poupança ainda é o investimento preferido
A poupança, uma forma tradicional de aplicação com rentabilidade moderada, ainda é a opção favorita dos brasileiros mais jovens. Mas o que explica essa preferência, com uma variedade cada vez maior de produtos de investimento no país?
Em entrevista à Folha de São Paulo, Antônio Sanches, analista da Rico, creditou à acessibilidade da poupança o interesse contínuo dos investidores, mesmo os mais jovens. Afinal, segundo ele, esse é um produto consolidado e forte nos bancos. Além disso, basta ter uma conta para movimentar dinheiro nesse caso.
Sanches também explica que a poupança é a opção mais óbvia para quem não conhece bem outras opções:
“É possível atribuir à falta de conhecimento do investidor. Existem produtos financeiros que não agregam tanto risco à carteira e possibilitam os benefícios da poupança, mas com maior rentabilidade, como Tesouro Selic e CDB.”
Segundo Sanches, os investidores entre 24 e 35 anos que participaram do levantamento normalmente estão em início de carreira. Nessa fase, eles passam a ganhar um pouco mais de dinheiro, com salários entre R$ 3.000 e R$ 7.000. Também começam a ter mais contato com o universo dos investimentos.
“Eles estão em busca de novas conquistas profissionais, tomando decisões importantes, como comprar uma casa ou um carro, e sabem que é importante investir.”
A Rico perguntou aos participantes do estudo quais são seus objetivos ao fazer investimentos. O resultado reflete a busca por liberdade dos entrevistados:
- Independência financeira: 66,1%;
- Estabilidade financeira: 59,1%;
- Segurança para crises: 46,2%.
Portanto, em grande medida, os investidores nessa faixa etária parecem buscar um maior grau de independência, seja em relação à família, seja em relação a fontes de renda no trabalho.
Investidores mudam comportamento
O estudo da Rico também trouxe dados interessantes sobre o comportamento dos investidores mais jovens no que diz respeito a outras despesas.
Por exemplo, 48% das pessoas entrevistadas afirmaram haverem deixado de sair aos finais de semana para economizar e investir. Além disso, 45% delas pararam de comprar itens não essenciais, e 37% disseram não pedir mais delivery de comida, com esse mesmo objetivo.
Outro dado importante é o aumento do volume de gastos com sites de apostas. Aliás, segundo Sanches, muitas pessoas parecem ter a percepção falsa de que as “bets” são uma forma investimento.
“É necessário que o investidor estude e conheça os produtos financeiros. É importante que ele saiba qual é a rentabilidade, a liquidez e o risco que o ativo oferece, algo que não existe no mercado de apostas.”
Em agosto de 2023, o Itaú divulgou um levantamento segundo o qual os brasileiros perderam cerca de R$ 23,9 bilhões em apostas em 12 meses. Isso reforça a necessidade de separar o que é um investimento e o que são as bets.
Gerações mais novas são mais adeptas das criptomoedas
O estudo da Rico foi voltado especificamente para a geração dos 25 aos 35 anos. Portanto, a partir dela, não é possível comparar o grau de adesão de outras faixas etárias às criptomoedas.
No entanto, muitos levantamentos reforçam o que já parece lógico à primeira vista: as gerações mais novas costumam investir mais em criptos, na comparação com as mais antigas.
Por exemplo, um estudo com mais de 1 milhão de usuários da NG.CASH, focada na geração Z, mostrou que 68,3% dos seus investidores tinham entre 14 e 17 anos. O levantamento, de 2023, foi feito junto a jovens de 12 a 25 anos, o público-alvo da fintech.
Entre os investidores de criptomoedas que a NG.CASH entrevistou, 49% disseram alocar dinheiro apenas em Bitcoin (BTC). Outros 40,8% afirmaram que preferem o Ether (ETH). Portanto, esses usuários mais jovens pareciam pouco interessados em diversificar suas carteiras de criptos.
“Jovens do Brasil preferem criptomoedas e bets”, diz Galípolo
Indicado para assumir a presidência do Banco Central (BC) a partir de 2025, o economista Gabriel Galípolo já demonstrou preocupação com o comportamento dos mais jovens.
Afinal, segundo ele, os jovens do Brasil preferem criptomoedas e apostas esportivas aos investimentos na poupança. Ele deu essa declaração durante o evento Rio Innovation, em agosto.
Galípolo deve passar em breve por uma sabatina no Congresso antes de ser aprovado (ou não) para suceder Roberto Campos Neto na presidência do BC. No entanto, o mercado acredita que ele não terá problemas para obter a aprovação após a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar de sua declaração na Rio Innovation, Galípolo não é uma espécie de inimigo das criptomoedas. Aliás, na mesma época, ele deu outra declaração em que valorizou a iniciativa do Drex, o “real digital”.
Na ocasião, ele destacou a importância do projeto de moeda digital do BC para o crédito colateralizado, por exemplo:
“A estrutura pensada a partir do Drex pode criar avanços no crédito colateralizado, o que pode reduzir os spreads por meio da redução de percepção de risco por parte de quem empresta os recursos.”

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