Diretor do Banco Central vê impacto de criptomoedas e bets sobre inflação

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Galípolo falou durante o Warren Institutional Day, um evento que reuniu investidores em São Paulo.
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Flavio Aguilar
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Marta Stephens
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Diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao assumir o posto em 2023.

Em evento com investidores nesta segunda-feira (12/08), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que dois assuntos estão agora no radar do órgão: criptomoedas e apostas online.

O economista deu a declaração em meio a uma discussão sobre a atual volatilidade global. Afinal, segundo ele, os agentes financeiros vêm demonstrando uma preocupação maior com temas novos, com os dois que ele fez questão de citar.

Galípolo falou durante o Warren Institutional Day, um evento que reuniu investidores em São Paulo.

Falta clareza sobre efeitos das duas atividades na economia

Ao citar criptomoedas e apostas online em seu discurso, Galípolo buscava exemplos de produtos e atividades que impactam a economia atualmente.

No entanto, segundo ele, ainda falta uma clareza maior a respeito do seu efeito sobre o consumo e a poupança:

“Uma questão que parece anedótica, mas que vem crescendo bastante é a questão das chamadas bets, os jogos de apostas. Muita gente grande apresentando explicação por ali para entender o hiato que a gente vê entre o crescimento da renda que não aparece nem no crescimento do consumo nem no crescimento da poupança.”

O diretor do BC afirma que esses são fenômenos novos. Portanto, ainda exigem cautela por parte da instituição. Aliás, “cautela” é uma palavra que vem aparecendo com frequência nos comunicados do Comitê de Política Monetária (Copom).

Diretor do BC vê volatilidade acima do normal do câmbio

Em sua fala no Warren Day, Galípolo analisou o cenário macroeconômico atual, as pressões externas e as decisões recentes do Copom.

Ele afirmou que há uma volatilidade acima do usual no mercado de câmbio. No entanto, isso estaria ocorrendo em todo o mundo, não apenas no Brasil. Afinal, a principal razão seria um contexto de incerteza.

Portanto, segundo Galípolo seria um erro relacionar de forma direta o nível atual do real frente ao dólar com as decisões recentes do órgão em relação aos juros. O diretor de Política Monetária do BC garante que outras variáveis também estão sendo observadas.

“Estabelecer essa relação mecânica com a política monetária é um equívoco. Como eu disse e repito, existem uma série de variáveis que estão nos incomodando há algum tempo.”

Na última ata do Copom, o comitê afirmou que não hesitaria em elevar os juros caso ache necessário. Portanto, deu uma pista importante sobre o que pode ocorrer em breve. O colegiado citou o dólar como uma fonte de pressão. Mas também mencionou fatores como as expectativas de alta da inflação e as incertezas sobre o cenário externo.

O mercado entendeu o conteúdo da ata como um recado de que a autoridade financeira pretende subir os juros. Afinal, o teor do texto passou uma ideia de endurecimento da posição do BC.

No entanto, Galípolo afirmou que em nenhum momento o Banco Central divergiu do tom adotado no comunicado (divulgado junto com a decisão do Copom). Também não contrariou a ata da reunião, que é publicada dias depois.

Haddad: Brasil perto de recuperar grau de investimento

Além de Galípolo, também esteve presente no Warren Institutional Day o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em sua participação virtual, ele afirmou que o Brasil pode chegar a 2026 “muito próximo” de obter outra vez o grau de investimento.

O grau de investimento serve como um selo de credibilidade para a economia de um país. Afinal, é concedido por agências de classificação de risco, que avaliam diversos fatores antes de atestar a saúde do ambiente econômico local.

Haddad vê o Brasil no caminho certo para recuperar esse trunfo no mercado internacional:

“Eu entendo que nós estamos no bom caminho de recuperar as finanças públicas, no caminho correto, reconhecido por três agências de risco no último ano (…) Entendo que podemos chegar em 2026, se não em um grau de investimento, muito próximo disso, um crescimento rigoroso, inflação controlada, instituições funcionando e democracia consolidada…”

Em 2023, a nota de crédito do Brasil subiu em três agências importantes: Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch Ratings. Portanto, o país ficou bem mais próximo de obter o selo de bom pagador.

Apesar disso, Haddad afirma que ainda é preciso haver uma “virada de página”. Atualmente, o ministro está em uma cruzada para sanar as contas públicas, mas, ao mesmo tempo, evitar que haja uma desaceleração na recuperação econômica do país.

Por isso, o desempenho do petista acaba sendo alvo de críticas de ambos os lados. Afinal, a oposição o acusa de não fazer o suficiente para ajustar o lado fiscal. Por outro lado, muitos correligionários de esquerda criticam a política seguida por Haddad, que, segundo eles, estaria bem mais próxima do fiscalismo econômico.

Além disso, Haddad é criticado tanto pela situação quanto pela oposição pela carga de impostos. Principalmente, após a aprovação da taxação de compras abaixo de R$ 50 do exterior.

Galípolo é preferido de Lula para comandar o Banco Central

Em sua fala no Warren Day, Galípolo também respondeu aos comentários sobre seu nome ser o favorito ao posto de presidente do Banco Central a partir do próximo ano.

Afinal, o mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto, vai até o fim deste ano. Então, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá a prerrogativa de escolher o próximo comandante do BC.

Galípolo frisou que a escolha é do presidente da República. Além disso, segundo ele, Campos Neto é o atual presidente e está inteiro no cargo.

Essa será a primeira mudança de comando depois da aprovação da autonomia da autarquia, que ocorreu no governo passado. Portanto, como afirmou Galípolo, a transição de presidência tende a ser um passo importante e desafiador.

No entanto, ele fez questão de minimizar o impacto que a mudança poderá ter sobre a política monetária. Por exemplo, mencionou o fato de que seis dos atuais diretores permanecerão na próxima gestão, e o mercado já saberia como eles costumam votar.

Quanto ao debate relativo às contas públicas, Galípolo evitou tratar a fundo da questão. Ele apenas reforçou o que já consta na ata do Copom. Portanto, mencionou a necessidade que a autarquia tem de reagir à percepção do mercado — nesse caso, ela refletiria uma possível deterioração da situação fiscal.

Governo trabalha para regularização das “bets”

A questão fiscal também tem colaborado para um interesse grande do governo federal pelo universo das apostas online. Afinal, esse mercado passou a ser visto como uma possível fonte de receitas em um momento complicado para as contas públicas.

O pontapé inicial para a regularização das bets ocorreu ainda no final do mandato de Michel Temer, com a aprovação de uma lei que legalizava as plataformas. No entanto, o processo ficou parado à espera das regras que regeriam o funcionamento do setor.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, nada foi feito. Portanto, o setor de apostas permaneceu em um limbo — apesar de já ter alguma segurança jurídica nesse cenário. Por isso, muitas plataformas chegaram ao Brasil e passaram a investir mais em marketing.

Quando o governo Lula iniciou, em 2023, o cenário já era de uma grande popularização da atividade de apostas. Então, o Ministério da Fazenda passou a coordenar com o Congresso esforços mais sérios em prol da regularização do setor.

Atualmente, faltam detalhes para que tudo esteja funcionando totalmente dentro da lei brasileira. Afinal, a partir de 2025, as bets deverão ter licença local para seguir atuando no país. Também deverá haver mudanças em relação às atividades permitidas, formas de divulgação, incentivo ao Jogo Responsável e outros aspectos relevantes.

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