Campos Neto: plataformas como o Drex vão substituir bancos tradicionais
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Para Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central (BC), os grandes bancos devem ser os mais afetados pela transição para plataformas digitais como o Drex. Afinal, segundo ele, há uma “disrupção” em curso, e as instituições tradicionais estariam com os dias contados.
A afirmação veio durante a primeira participação pública de Campos Neto após deixar o cargo no Banco Central. Em um evento do XP Private Bank, ele foi além das questões sobre política monetária e passou a abordar a transformação digital do universo financeiro:
O ex-presidente do BC resumiu sua previsão:
Bancos tradicionais serão profundamente abalados por bancos de plataformas digitais. É um processo que já está acontecendo e que vai acelerar nos próximos dois anos.
Bancos digitais continuam levando vantagem
Um dos argumentos de Campos Neto é que os bancos digitais têm diversas vantagens competitivas sobre as instituições tradicionais. Por exemplo, seus custos para atrair e reter clientes seriam muito menores. Ele citou o exemplo de fintechs como o Nubank e o Revolut.
Esse movimento estaria sendo liderado principalmente pelos mercados mais emergentes — justamente os que apresentavam uma bancarização menor na comparação com economias desenvolvidas.
O ex-presidente do BC citou o caso dos EUA, que, segundo ele, ainda estariam usando talões de cheque. Por outro lado, iniciativas como a do Pix — lançado sob seu mandato — fazem com que os bancos percam relevância em muitos países:
O Pix pode ser por aproximação. Eventualmente, terá funções de cartão de crédito. Pagamentos instantâneos estão mudando a forma com que os bancos funcionam.
Além disso, segundo Campos Neto, as plataformas digitais também estão incorporando funções de débito e crédito. Ou seja, ampliam cada vez mais o acesso ao dinheiro.
Drex integrará serviços financeiros
Para Campos Neto, o Drex deve provocar novas disrupções no sistema financeiro nacional. Afinal, segundo ele, plataformas do tipo permitem a integração de diversos serviços no mesmo ambiente digital.
Recentemente, o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, chegou a afirmar que “o Drex não é uma CBDC”. Afinal, seria muito mais que isso, pelo seu entendimento.
Como explicou Campos Neto, os consumidores passarão a ter um controle maior sobre seus dados e, com isso, mais serviços com facilidade:
Você não terá no seu celular um aplicativo do banco A, B ou C. Veremos esses marketplaces de finanças em um único aplicativo com todos os seus dados, e você poderá migrar suas informações para diferentes instituições e comparar produtos financeiros para escolher aqueles que ofereçam preços mais baratos.
Além disso, as moedas digitais do banco central (CBDCs), como o Drex, podem viabilizar pagamentos transfronteiriços de maneira mais rápida e eficiente, de acordo com Campos Neto.
Por outro lado, segundo ele, apenas as stablecoins teriam espaço nesse sistema — e não criptomoedas como o Bitcoin (BTC). O economista ainda condiciona seu sucesso à regulamentação das reservas das empresas emissoras, assim como a garantias que previnam contra a lavagem de dinheiro e outras atividades criminosas.
O BC vem enfrentando dificuldades com o piloto do Drex — especialmente, pela dificuldade de conciliar recursos de privacidade e programabilidade do “real digital”.
No entanto, Campos Neto acredita que a instituição conseguirá superar esses desafios em breve junto aos consórcios participantes. Afinal, de acordo com executivos do setor, os testes estariam sendo bem-sucedidos.

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