Banco Central do Equador emite alerta sobre criptomoedas e scan de íris

O Banco Central do Equador (BCE) alertou os cidadãos sobre o que considera os perigos das criptomoedas. Isso ocorre em um contexto de adoção da Worldcoin (WLD), que continua a crescer nesse país latino-americano.
Segundo um comunicado oficial do BCE e uma matéria do site CriptoNoticias, “vários milhares” de cidadãos já escanearam as íris dos olhos. Isso vem ocorrendo em diversos pontos da Worldcoin espalhados pelo país.
Adoção da Worldcoin no Equador segue em ritmo acelerado
O BCE declarou que os criptoativos “não são uma moeda legal” no Equador. Além disso, lembrou aos cidadãos que o uso de criptos como método de pagamento é “expressamente proibido”.
O banco destacou que, conforme as diretrizes da Junta de Política y Regulación Monetaria (JPRM), “a [única] moeda legal na República do Equador é o dólar americano”. Portanto, como explicou o BCE:
“Todas as transações, operações monetárias e financeiras e seus registros contábeis realizados no país devem ser feitos em dólares dos Estados Unidos.”
A JPRM e o BCE disseram que o objetivo é “lembrar às pessoas físicas e jurídicas que os criptoativos não são uma moeda legal nem um meio de pagamento autorizado no Equador”. O BCE também advertiu que, se descobrir empresas ou cidadãos usando “criptoativos como meio de pagamento”, informará o Ministério Público do país e pressionará por uma punição.
No entanto, o banco reconheceu que o Equador ocupa o oitavo lugar na América Latina em adoção de criptomoedas, segundo dados do Chainalysis.
O banco também mencionou que, segundo especialistas, cerca de US$ 7 bilhões em transações com criptomoedas foram realizadas no Equador entre junho de 2022 e julho de 2023. O BCE não mencionou o WLD ou tokens de grande capitalização, como o Bitcoin (BTC). No entanto, parece que o crescimento da Worldcoin no Equador está despertando a preocupação dos reguladores.
Os operadores da Worldcoin chegaram ao Equador há cerca de dois meses. Em seguida, abriram escritórios em cidades como Quito e Guayaquil.
Desde então, a empresa levou milhares de cidadãos a escanear suas íris em troca de pagamentos em WLD no valor de cerca de US$ 20.
Worldcoin: milhares de cidadãos escaneiam íris
Especialistas disseram que cada centro da Worldcoin agora escaneia até 150 íris de cidadãos por dia. Afinal, muitas dessas pessoas “estão em situação de necessidade econômica”.
No dia 6 de agosto, a Superintendência de Empresas, Valores e Seguros do Equador também falou sobre o tema. Ela disse estar “preocupada com as notícias que circulam na mídia e nas redes sociais sobre atividades irregulares realizadas [pela] Worldcoin”.
A Superintendência afirmou que a Worldcoin não é regulamentada pelo estado equatoriano. Além disso, incentivou os cidadãos a não fornecerem seus dados biométricos.
Afinal, a Superintendência disse que não está claro para que fins os operadores da Worldcoin estão coletando e armazenando esses dados. Também alertou que a coleta de dados pela Worldcoin “coloca em risco a segurança e a privacidade dos cidadãos [equatorianos]”.
O BCE, por sua vez, concluiu com um alerta sobre a volatilidade das criptomoedas. Além disso, afirmou que os cidadãos poderiam ter perdas caso negociassem criptomoedas.
“Alertamos os cidadãos que negociar criptoativos pode gerar perdas significativas devido à alta volatilidade derivada de sua natureza especulativa. Isso foi recentemente ilustrado por quedas significativas dos preços nos mercados internacionais.”
Argentina virou centro de operações da Worldcoin
O Equador não é o único país da América do Sul onde a empresa Worldcoin encontrou um mercado promissor nos últimos anos. Afinal, a Argentina se tornou recentemente um dos focos da polêmica em torno do scan de íris.
O país vive uma crise econômica em meio às medidas duras do atual presidente Milei. Por isso, muitos argentinos vêm buscando fontes alternativas de renda. E a possibilidade de escanear a própria íris acabou aparecendo como uma excelente oportunidade nesse sentido.
Em abril deste ano, centenas de milhares de argentinos faziam fila nos estandes da Worldcoin pelo país. Afinal, esperavam receber a recompensa de US$ 80 em criptomoedas que a empresa estava distribuindo aos voluntários.
Conforme a contagem mais recente, eram 250 os pontos da Worldcoin pela Argentina. E isso acabou levando a empresa a privilegiar o país em sua estratégia de conquista do continente.
Em junho deste ano, a direção afirmou que pretende transformar a Argentina em seu “centro de operações regionais”. Os executivos da Worldcoin já haviam se reunido com altos funcionários do governo em Buenos Aires no início deste ano. Aliás, também se reuniram com o próprio presidente Javier Milei.
Segundo Martín Mazza, gerente regional da Worldcoin, a Argentina foi uma escolha natural. Afinal, o avançado “ecossistema tecnológico” e a força de trabalho qualificada do país o tornaram “um lugar ideal para o desenvolvimento de […] inteligência artificial”.
Além da Argentina, a WLD vem ganhando força em outros países da América Latina, como Chile, Colômbia, México e Peru. Em abril, ela também anunciou planos de expansão no México, onde iniciou operações há cerca de um ano.

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