Quem são os investidores brasileiros? Pesquisa identificou nove perfis

Para inspirar, ampliar a cultura de investimento e fornecer insights valiosos, o estudo “O Brasil que investe” identificou nove perfis de investidores brasileiros. Além disso, destacou dois grupos extras: os que só investem em criptomoedas e os que só recorrem à poupança. A pesquisa foi realizada pela Bolsa de Valores B3 em parceria com a HSR Bridge Research.
Cada perfil mostra por que as pessoas investem, escolhem ativos, mantêm posições e decidem mudar. Em suma, quem é, como se comporta e o que busca o investidor brasileiro. Mas, antes de detalhar cada um desses grupos, vamos apresentar um panorama do investidor da bolsa de valores brasileira de maneira geral.
Segundo o estudo, é recorrente o desejo de financiar a aposentadoria com investimentos, ou a decisão de investir pensando em uma emergência futura. Porém, na maioria das vezes, o investidor brasileiro não é conservador. Conforme a pesquisa, há grande interesse em inovar, há segurança nas estratégias adotadas e há preferência em gerir os próprios investimentos de maneira ativa. Dá uma olhada:
57%
estão dispostos a explorar novos investimentos
62%
são ativos na gestão dos investimentos
24%
têm alto grau de tolerância ao risco
58%
mantêm a estratégia em situações de perda ou ganho
25%
investem pensando na aposentadoria
33%
investem para gerar renda
Quem é você na “fila” do investimento?
A pesquisa chegou aos perfis a partir de duas etapas: a qualitativa, com 33 entrevistas em profundidade, e a quantidativa, com 2.614 questionários respondidos online.
Esse levantamento foi feito no segundo semestre de 2023 e os resultados chegam agora, após os dados serem processados e analisados pelo time de pesquisadores.
O gráfico abaixo mostra a representatividade percentual dos perfis de toda a base de investidores na bolsa do Brasil. Em seguida, você fica sabendo mais sobre cada grupo.
E então? Com que perfil você mais se identifica? Ou qual aquele que vai te inspirar a começar a investir?

1. Foco em previsibilidade
A pesquisa revelou que este perfil concentra 43% dos investidores brasileiros. Em suma, são pessoas que destinam grande parte do seu capital e de suas operações para títulos de renda fixa. Além disso, atuam diretamente em suas carteiras e tomam decisões conscientes sobre elas, com foco em produtos de menor risco.
A escolha de 94% por CDB indica, também, busca por previsibilidade. Apesar de ser claro o interesse por renda fixa, a escolha desse ativo não é exclusiva. Assim, as carteiras do perfil podem ter outros ativos, como, por exemplo, Tesouro Direto (6%), fundos imobiliários (6%) e ações (1%).
O estudo mostra, entretanto, um dado curioso. Este é um perfil que não se reconhece como investidor. Isso porque pensa que essa descrição é para quem tem muito capital e que se dedica diariamente à atividade. No perfil, 52% se consideram iniciantes, 42% intermediários e apenas 6% se classificam como avançados. Dos investidores deste perfil, 57% estão abertos a novas oportunidades de investimentos (confira comparação com outros perfis no gráfico do final do texto).

2. Minha conta é meu investimento
O estudo revelou que, do total de investidores brasileiros, 21% são desse perfil. Primeiramente, é um grupo que mantém seu capital em conta corrente em instituições bancárias e que faz aplicações automáticas dos valores em títulos de renda fixa. Porém, por esse tipo de operação ter caráter automático e recorrente, nem sempre é reconhecida como um investimento.
Quanto ao perfil, a conta corrente tem investimentos automáticos. Segundo a pesquisa, a maior parte das escolhas é por RDB (60%) e por CDB (41%). No entanto, pode haver sobreposição. Além disso, este perfil não possui nenhum produto de renda variável.
Quem está nesse perfil tem como objetivos, prioritariamente, geração de renda (31%) e crescimento de capital (29%). O interesse por investimento existe. Contudo, por si só, não é suficiente para levar as pessoas desse grupo a operar.
Entre o total do grupo, 41% das pessoas se consideram iniciantes e 52%, intermediárias. Apenas 7% se classificam como avançadas.

3. De portfólio montado
Este perfil concentra 16% dos investidores que participaram da pesquisa. Em resumo, são pessoas que possuem um grau considerável de diversificação de ativos e que, após montarem sua posição, tendem a não fazer alterações significativas do portfólio. Assim, a preferência é por rebalanceamentos periódicos.
O principal produto deste perfil são ações, escolha de 56%. Em seguida, aparece o CDB aparece, com 38% da preferência. Depois, vêm os fundos imobiliários, presentes em 24% das carteiras. Por fim, Tesouro Direto, em 20% das carteiras.
De acordo com a análise da B3 e da HSR Bridge Research, trata-se de um perfil que busca geração de renda (36%) e que se prepara para a aposentadoria (29%). Desse modo, prefere investimentos de longo (50%) e médio prazo (37%). Aqui, os investimentos são divididos em renda variável e em renda fixa.
O perfil também valoriza muito a liquidez: 78% das pessoas a consideram “importante” ou “muito importante”. Além disso, são investidores muito ativos: 43% verificam o desempenho dos investimentos diariamente, e 31%, semanalmente.

4. Fundos imobiliários
Neste perfil estão 9% dos investidores. São pessoas cujo interesse é direcionado, acima de tudo, a investimentos em ativos imobiliários. Em outras palavras, esses investidores possuem mais da metade do seu patrimônio em produtos vinculados ao mercado imobiliário.
Assim como investem de modo assíduo em fundos imobiliários (100%), são pessoas que também possuem ações (28%) e que investem em CDB (24%) e no Tesouro Direto (8%).
Em resumo, o que motiva o perfil “Fundos Imobiliários” a começar a investir é segurança para planejar o futuro e a aposentadoria (32%), independência financeira (25%) e aumento de patrimônio (13%). Analogamente, 71% preferem investimentos de longo prazo e 19%, de médio prazo.
Além disso, 56% costumam verificar o desempenho dos investimentos diariamente, enquanto 30% declaram fazer isso semanalmente.

5. Sofisticados nos investimentos
Entre o total, apenas 4% dos investidores estão nesse perfil. São pessoas com conhecimento aprofundado do tema. E, como resultado, têm carteiras muito diversificadas, acompanham o mercado e operam (compram e vendem) com frequência ainda maior do que a do perfil “De portfólio montado”.
Entre os investimentos desse grupo, os produtos preferidos são ações (escolha de 98%), fundos imobiliários (opção de 84%), CDB (64%) e Tesouro Direto (50%).
É um perfil que estuda para se tornar especialista independente. E que, por isso mesmo, dedica em média duas horas por dia ao assunto. Cerca de 48% deles verificam o desempenho dos investimentos diariamente, ao passo que 35% fazem isso semanalmente.
O objetivo principal do perfil é a aposentadoria (37%). Em seguida, está a geração de renda (35%). Ou seja, em essência, é um grupo que almeja ainda formar um “colchão”, viver de aluguel de imóveis na aposentadoria e deixar patrimônio para os filhos.

6. Em busca do tesouro
Este perfil concentra 3% dos investidores. Em suma, são pessoas que aplicam pelo menos 75% do seu patrimônio em títulos do governo por meio do Tesouro Direto. Além disso, têm foco em títulos pré-fixados, atrelados à inflação, e de longo prazo.
Nesse contexto, o Tesouro Direto é escolha de 100% dos investidores deste perfil. Porém, eles também possuem ações (18%), fundos imobiliários (12%) e CDB (7%) em seus portfólios.
Aqui estão as pessoas que procuram títulos mais seguros: 56% declaram ter média tolerância ao risco e 22%, alta tolerância.
Além disso, o principal motivo citado para começar a investir no Tesouro Direto é pensar no futuro e na aposentadoria, citado por 28% dos investidores. Analogamente, outra razão é independência financeira, mencionada por 24%.
Uma estratégia comum deste perfil é acumular recursos no Tesouro Direto e, em seguida, investi-los em ativos diferentes. Desse modo, a diversificação está no horizonte da maioria das pessoas deste perfil: 50% estão dispostas a investir em outras aplicações, desde que sejam consideradas seguras, 43% talvez estejam, e apenas 7% não estão.

7. Experimentando a bolsa
Apenas 2% dos entrevistados são desse perfil. Em resumo, são investidores que estão começando a investir na bolsa e, portanto, a explorar opções e produtos diferentes dos oferecidos pelo seu banco.
Nesse sentido, são pessoas que experimentam diversos tipos de investimentos. Assim, não apresentam um comportamento que possa ser enquadrado nos outros grupos
Neste perfil, 87% possuem ações, 34% imobiliários, 26% CDB e 11% Tesouro Direto. O que mais motiva a começar a investir é: independência financeira (26%) e aposentadoria (24%).
Entre eles, 54% estão abertos a novos investimentos, 33% talvez estejam e apenas 13% dizem que não estão.
Além do mais, liquidez é considerada “importante” ou “muito importante” para 79% do perfil. As operações, no entanto, são pouco frequentes: 62% declaram fazer aportes apenas uma vez por mês.

8. Swing trade
Apenas 1% dos investidores brasileiros está neste perfil. Eles têm foco em oportunidades e buscam montar posições que obtenham ganhos rápidos, mas evitam operações realizadas no mesmo dia.
O “Swing trade” tem atuação padrão (compra ativos e não vende no mesmo dia) com mais frequência do que o perfil “Day trader”. Da mesma forma, apresenta grande movimentação na carteira. Sua troca de ativos tem volume maior do que a dos perfis “Sofisticado nos investimentos” e “De portfólio
montado”.
O produto financeiro que mais aparece na carteira do perfil é ações (96%). Também aparecem fundos imobiliários (27%), CDB (22%) e Tesouro Direto (8%). Nesse perfil estão pessoas que já começam no mercado financeiro com mais de um ativo e que buscam obter a maior rentabilidade possível (caso de 56%).
Em suma, por meio desses produtos financeiros, esse grupo almeja geração de renda (34%) e crescimento de capital (32%). Além disso, a liquidez é valorizada de forma praticamente unânime neste perfil: 95% declararam que essa característica é importante ou muito importante.
Essa percepção, portanto, ajuda a explicar por que 61% dos entrevistados verificam o desempenho dos investimentos diariamente, enquanto 27% o fazem semanalmente.

9. Day Trader
Esse grupo reúne apenas 1% dos investidores brasileiros. São pessoas que buscam ganhos rápidos, obtidos no mesmo dia da operação. Nesse sentido, o nível de diversificação é menor, e a carteira geralmente é focada em um único produto.
O volume operado normalmente é maior do que o saldo guardado. Portanto, tratam-se de investidores que não permanecem parados. Eles também possuem custódia de CDB (18%), ações (14%), fundos imobiliários (4%) e Tesouro Direto (2%).
Os investidores desse perfil também operam minicontratos de Ibovespa(65%), minicontratos de dólar (31%) e outros produtos (4%).
Eles consideram que têm pouco tempo para ganhar dinheiro. Para 60% dos entrevistados, o foco está em investimentos de curto prazo, e, para 25%, no médio prazo. Nesse perfil, 73% se dizem abertos a explorar novos investimentos.
Os investidores do perfil “Day trader” operam de olho no crescimento de capital (49%) e na geração de renda (33%). Sua tolerância ao risco é bem alta (61%), e apenas 33% dizem ter tolerância média.

Quem só investe em criptomoedas
Entre o dois perfis extras apresentados pela pesquisa estão aqueles que só investm em criptomoedas. As principais motivações para investir são a rentabilidade e o aumento de patrimônio e de capital. É, portanto, um grupo focado em crescimento financeiro.
A maioria prefere investir para obter resultados no médio prazo. Dessa forma, esse traço pode indicar que essas pessoas equilibram retorno financeiro e liquidez. Em cenários de perda ou de ganho, 41% mantêm a estratégia inicialmente adotada.
Sua tolerância ao risco é de nível médio, alinhada com a preferência por equilibrar segurança e crescimento. Riscos minimizados e rentabilidade, nessa ordem, são os fatores mais importantes para o perfil.
Quem só investe em poupança
Por fim, o segundo perfil extra identificado no estudo é o daqueles que só investem em poupança. Neste grupo, um terço das pessoas começam a investir para formar uma reserva de emergência, o que indica preocupação com segurança financeira.
Além disso, gerar renda e financiar a aposentadoria são outros objetivos importantes. A preferência por investimentos que dão resultados de médio prazo indica que são pessoas que têm paciência e valorizam disponibilidade imediata. A tolerância ao risco, neste perfil, pode ser considerada de baixa a média para 84% dos respondentes.
Os investidores que mais exploram a diversificação


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