Banco Central e Anatel anunciam mudanças para reduzir casos de golpes com Pix

Durante um evento promovido pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC) nesta terça-feira (10/09), Natalia Grigolin, sócia de financial services da EY Brasil, chamou a atenção para a alta incidência de fraudes no país.
Natalia destacou que o Brasil registra uma tentativa de fraude a cada três segundos, sendo o segundo país com maior risco de fraude no mundo, ficando atrás apenas da China, segundo um relatório da Visa.
A ABBC organizou o encontro, que contou com a participação de representantes de instituições financeiras e do Banco Central. O objetivo foi discutir a importância de uma atuação coordenada entre os diferentes agentes do sistema financeiro para combater as fraudes de forma mais eficaz.
Rapidez do Pix também é uma vantagem para os golpistas
Natália ressaltou a maneira como os criminosos se aproveitam das facilidades oferecidas pelas instituições financeiras para explorar as vulnerabilidades humanas. Apesar do cartão de crédito manter sua importância, ela observou que o Pix tem ganhado destaque devido à rapidez das transações.
Ela apontou também para o desafio de combater fraudes, dado que as técnicas criminosas estão sempre evoluindo. Estas exploram tanto as falhas tecnológicas quanto as humanas. Natália enfatizou que o aumento no número de tentativas de fraude estimula o mercado a compartilhar informações, com o objetivo de identificar fraudadores rapidamente.
Sílvia Scorsato, presidente da ABBC, destacou a importância da coordenação entre as instituições e os reguladores. Segundo ela, o entendimento mútuo sobre as diretrizes e as preocupações relativas a fraudes e golpes enriquece o debate e amplia a relevância do tema. Como resultado, melhoram-se as estratégias de prevenção e resposta às ameaças no setor financeiro.
Pix terá apoio do MED 2.0
Luis Otavio Visotto, responsável pela divisão de segurança do Pix no Banco Central, ressaltou os esforços do órgão regulador em aprimorar os procedimentos de segurança.
Segundo ele, o Pix, por ser uma ferramenta inovadora que simplifica as transações financeiras para a população, atrai naturalmente a atenção de fraudadores, pois seguem o fluxo do dinheiro. Além disso, para Visotto, a segurança sempre foi a base da criação do Pix, orientando todo o trabalho da equipe desde o início.
Visotto também apresentou algumas das novidades que estão por vir, visando aumentar a segurança do sistema. Uma delas é o registro de dispositivos seguros. Este restringirá transações a um limite de R$ 200 por operação caso o acesso ocorra de um aparelho não cadastrado previamente.
Ademais, foi introduzida uma melhoria denominada MED 2.0, ou Mecanismo Especial de Devolução, que permite aos clientes notificar suas instituições financeiras em casos de suspeita de fraude. A instituição notificada pode então se comunicar com o banco de destino e bloquear os fundos. Seguindo essa notificação, faz-se uma análise e, se confirmada a fraude, os valores voltam ao cliente.
No momento, o MED opera apenas com a primeira conta destino dos recursos, o que representa uma limitação, pois os golpistas geralmente encaminham os valores para várias contas após o golpe.
O objetivo do MED 2.0 é expandir a capacidade de rastreamento do fluxo financeiro para aumentar as chances de recuperar os valores desviados. A previsão é que o novo sistema entre em vigor entre o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025.
Anatel inova com sistema de origem verificada
Ademais, mesmo que os golpes financeiros não se limitem ao uso de telefonia celular, essa é uma área de grande relevância para o combate a fraudes no sistema financeiro.
Nesse contexto, Gustavo Borges, superintendente de controle e obrigações da Anatel, contribuiu com insights importantes durante o evento. Ele discutiu os avanços e a responsabilidade da agência na implementação de novas medidas de segurança.
Uma dessas iniciativas é o novo sistema de origem verificada de ligações, desenvolvido para permitir que as empresas autentiquem os números oficiais utilizados em seus serviços de telefonia.
Esse sistema proporciona aos clientes a visualização do nome e da logomarca da empresa diretamente na tela do celular ao receberem chamadas de números verificados.
Atualmente em fase de testes, já se testou o sistema com mais de 30 milhões de chamadas. Gustavo Borges anunciou que a Anatel planeja uma ampla divulgação desse serviço em outubro, buscando informar melhor o público sobre essa ferramenta.

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