Metaverso – BIS alerta sobre falta de regulamentação

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Daniela de Lacerda
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O Bank of International Settlements (BIS) publicou um relatório em que faz um alerta sobre o impacto da falta regulamentação do metaverso na economia digital e cobra ação nesse sentido.

O relatório de 31 páginas declara que, no futuro, os setores financeiro e virtual correm o risco de “se tornarem fragmentados e dominados por poderosas empresas privadas”.

Para conter esse ameaça, o BIS recomenda que os legisladores promovam formas de pagamento mais eficientes e interoperáveis, que possam atender às demandas dos usuários.

Adicionalmente, o relatório demanda a criação de frameworks que “apresentem critérios claros com relação à privacidade, à propriedade digital e à proteção do consumidor”.

Por outro lado, o documento expressa um tom cético. Quando argumenta que uma internet alimentada por realidade virtual baseada em cripto pode beneficiar a educação, os cuidados com a saúde e o gaming, o BIS também destaca que, nos últimos dois anos, caiu o interesse pelo metaverso, de uma maneira geral.

Metaverso centralizado x descentralizado

O novo relatório do BIS aponta os prós e contras de um metaverso centralizado e descentralizado. O banco afirma que um metaverso centralizado (no qual, por exemplo, um futuro Zuckerberg acaba ditando como os pagamentos funcionarão nesse sistema), provavelmente não seria interoperável.

Nesse sentido, os usuários poderiam ser vítimas de modelos voltados para ganhos financeiros, por meio de taxas. Além disso, poderiam perder o controle sobre os dados de suas transações.

Por outro lado, um metaverso descentralizado – ou seja, no modelo da Web3 – dá controle direto aos usuários sobre as regras do sistema. Isso ocorre, principalmente, por meio do direito de voto, como é amplamente visto atualmente nas redes blockchain. O relatório afirma, no entanto, que esses mecanismos podem não passar de uma mera ilusão de participação.

Citando um estudo sobre o jogo Decentraland, da Web3, o relatório diz que: “em 27% das pesquisas, a pessoa com mais influência acabou decidindo o resultado dos votos, que não se alinhava, necessariamente, ao consenso entre as demais pessoas com direito a voto”.

De qualquer forma, seja em um ambiente centralizado, seja descentralizado, o BIS acredita que a volatilidade das criptomoedas atuais faz com que elas não sejam adequadas como formas nativas de pagamento nesse ambiente.

O relatório propõe as stablecoins como alternativa, mas alerta que entidades centralizadoras, como Tether ou Circle, poderiam agir como uma espécie de “banco dominante”. No fim das contas, caso esse banco fracassasse, o resultado não seria nada bom para os usuários.

Avaliação do setor cripto

BIS é uma instituição financeira internacional, que ajuda a coordenar políticas monetários em 63 dos principais bancos centrais. Em um relatório sobre o setor cripto publicado no ano passado, a organização se referiu ao ecossistema cripto, de maneira geral, como “fragmentado” e “caracterizado por congestionamento e altas taxas”.

O documento também ressalta as preocupações do BIS com relação ao fato de que o cripto e DeFI “na prática, frequentemente representam centralização”.

Por outro lado, o relatório afirma que finanças descentralizadas “amplificam conhecidos riscos” no setor financeiro tradicional.

Essas observações se seguiram ao Relatório Econômico Anual do banco, referente a 2022. No documento, a equipe afirmava que as falhas estruturais do setor cripto fazem com que não seja adequado como pilar de um sistema financeiro.

Contudo, a organização elogiou as moedas digitais dos bancos centrais (CBDC), destacando o papel da tecnologia blockchain em um futuro sistema monetário – considerando que “o dinheiro do banco central pode oferecer uma base sólida para a inovação”.

Tendo isso em vista, poucos meses após apresentar seu relatório anual, o BIS anunciou um projeto-piloto de CBDC, chamado Aurum. O projeto aborda a privacidade de pagamentos por meio de CBDC e teve início em janeiro.

Junto ao BIS está o Basel Committee on Banking Supervision. Os 10 principais bancos centrais do G10 fundaram o comitê em 1974. No ano passado, a entidade publicou um guia endurecendo os requisitos de transparência para bancos associados ao universo critpo.

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