Soluções de privacidade na blockchain avançam com demanda de empresas

Blockchain Mercado
Relatório recente da Precedence Research mostra como a indústria de blockchain continua a crescer enquanto a tecnologia avança.
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Flavio Aguilar
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Marta Stephens
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A indústria de blockchain continua a crescer enquanto a tecnologia avança. E descobertas recentes da Precedence Research comprovam isso. Afinal, elas preveem que o mercado global em torno da tecnologia blockchain atingirá US$ 187 bilhões até 2034.

Além disso, os dados do estudo apontam que, apenas na América do Norte, que inclui os EUA, esse mercado alcançou US$ 8,1 bilhões no ano passado.

Embora essas informações chamem bastante a atenção, especialistas do setor acreditam que a privacidade ainda é a principal preocupação de empresas que adotam soluções de blockchain.

Paul Brody, líder global de blockchain da Ernst & Young, afirmou ao Cryptonews que a tecnologia de privacidade ainda é imatura. Portanto, há um desafio nesse sentido, já que, segundo Brody, a principal preocupação dos usuários corporativos e investidores institucionais sérios é mesmo a privacidade.

“Em qualquer atividade comercial, o que você está comprando, seus termos e condições, volumes e gastos, são todas questões muito sensíveis e competitivas (…) As blockchains simplesmente não são aplicáveis aos negócios sem capacidade para tal.”

Blockchains públicas não oferecem privacidade

Infelizmente, as blockchains públicas não têm recursos nativos de privacidade.

Como Avidan Abitbol, diretor de projeto do Data Ownership Protocol (DOP), contou ao Cryptonews, equilibrar a transparência e a propriedade de dados nos sistemas de blockchain ainda é um problema.

“Em redes de blockchain tradicionais, todos os dados das transações são visíveis publicamente, o que pode tornar os usuários vulneráveis.”

Por isso, faz sentido que as redes de blockchain privadas estejam ganhando cada vez mais tração nas empresas. Segundo um estudo da empresa de tecnologia Wipro, 40% a 60% das empresas já implementaram redes de blockchain privadas. Essas são redes exclusivas com acesso limitado. Portanto, são mais centralizadas.

Jake Claver, diretor do Digital Ascension Group (um negócio familiar especializado em ativos digitais), acredita que instituições financeiras e corporações normalmente operam em ecossistemas permissionados.

Por exemplo, Claver diz que a rede de blockchain permissionada R3 Corda é a principal provedora de soluções para instituições privadas. Pelo menos, levando em conta o que o Digital Ascension Group vê no mercado atualmente.

Soluções de privacidade para blockchains públicas avançam

Apesar de as blockchains privadas serem populares entre as empresas, diversas soluções de privacidade voltadas para redes públicas vêm avançando rapidamente.

Por exemplo, segundo Brody, a Ernst & Young construiu uma rede Ethereum de segunda camada (L2) chamada “Nightfall” que permite às empresas movimentarem tokens de forma confidencial. O Nightfall surgiu em 2019, e a crescente tokenização ajudou essa solução a avançar.

“Todo acordo comercial equivale a uma troca de dinheiro por produtos ou serviços sob os termos de um contrato (…) Com as blockchains, você pode tokenizar o dinheiro e os produtos e escrever os termos em um smart contract.”

Brody ainda acrescenta que a Ernst & Young criou um aplicativo chamado “Starlight”. Ele permite que as empresas transformem um contrato inteligente Solidity em um circuito de conhecimento zero personalizado. Segundo Brody:

“Isso é um tipo de caixa preta privada personalizada na blockchain.”

Transparência da blockchain pública se torna privada

O Data Ownership Protocol também busca resolver o problema de equilibrar transparência e propriedade de dados em sistemas de blockchain pública.

Abitbol destaca que o DOP consegue fazer isso com “transparência seletiva”. Afinal, essa abordagem permite que os usuários controlem o quanto de suas informações será compartilhado em uma blockchain.

Como explica Abitbol:

“As funções de transparência seletiva do DOP permitem que as organizações compartilhem apenas as informações necessárias com seus stakeholders, como parceiros, clientes e funcionários, mantendo dados sensíveis protegidos e ocultos.”

Ele também afirma que a integração do DOP com uma solução de blockchain corporativa permite a uma empresa ocultar qualquer tipo de dado.

“Por exemplo, quando uma empresa paga salários com criptomoedas, sem o DOP, os funcionários poderiam rastrear as transações de volta à carteira principal da empresa. Com isso, conseguiriam acessar informações sobre os salários de outros funcionários, as reservas de criptomoedas da empresa ou outros dados financeiros sensíveis (…) Essa falta de privacidade poderia gerar diversos problemas, tais como conflitos internos, vazamentos de informações ou até mesmo tentativas de manipulação.”

Segundo Abitbol, o DOP permite que as empresas abram apenas os dados essenciais necessários em cada transação específica. Portanto, garante que informações sensíveis permaneçam confidenciais.

O DOP é um protocolo compatível com EVM e contém recursos-chave, como criptografia de saldos de tokens e dados de transações. Então, explica Abitbol, o sistema pode ser integrado com carteiras e plataformas de blockchain populares.

Gravando transações privadas em uma rede pública

Já Charles Adkins é presidente da Hedera, um ledger de código aberto. Segundo ele, a Hedera é capaz de fornecer permissões públicas em sua rede por meio do Hedera Consensus Service (HCS).

De acordo com o site da empresa, esse sistema permite registros verificáveis, ordenação descentralizada e privacidade para informações sensíveis, aplicativos empresariais e consórcios.

Além disso, Adkins acrescenta que, em redes privadas, o HCS pode servir para registrar o status de transações privadas no ledger público. Portanto, oferece privacidade ao mesmo tempo em que se beneficia da confiança e segurança de uma blockchain pública.

“A Hedera garante a manutenção da privacidade das transações ao enviar apenas um hash da operação para o ledger, que depois pode ser usado para verificação sem revelar detalhes sensíveis.”

Adkins também observou que, como as transações em redes privadas podem não ser públicas, elas ainda podem ser ancoradas na rede pública de Layer 1 da Hedera para consenso.

“Isso significa que, embora as redes privadas possam lidar com dados sensíveis ou privados internamente, também podem usar a mainnet da Hedera para consenso final. Portanto, garantem um alto grau de segurança e descentralização sem comprometer a privacidade.”

Desafios das soluções de privacidade para blockchains públicas

Embora fique claro o quanto as soluções de privacidade vêm avançando, ainda existem desafios diversos que podem dificultar sua adoção.

Por exemplo, Brody diz que a matemática por trás das soluções criadas pela Ernst & Young é difícil de compreender.

“Como a matemática é complexa, isso leva a taxas de gás elevadas na blockchain. Então, é essencial reduzir o custo de cada transação (…) Atualmente, podemos realizar transações com privacidade por apenas US$ 0,01, o que é importante. Mas estamos mirando uma redução de custo de 10x.”

Além disso, Brody afirma que os contratos digitais personalizados ainda requerem muito suporte humano.

Com isso em mente, ele espera que a Ernst & Young possa implementar em breve contratos inteligentes sem código, do tipo “arrasta e solta”. Assim, criaria acordos comerciais com privacidade on-chain.

“Nosso objetivo é uma simplificação implacável, até o ponto em que ninguém realmente saiba ou se importe com a matemática ou tecnologia central por trás do sistema. Eles só entenderão que funciona.”

Tecnologia à parte, Adkins acredita que equilibrar a transparência com a necessidade de confidencialidade continua sendo algo problemático:

“As empresas exigem privacidade para transações sensíveis, mas também querem os benefícios da imutabilidade e da verificação que as blockchains públicas fornecem.”

Além disso, Adkins destacou um desafio importante para a conformidade regulatória.

“Garantir que a blockchain esteja em conformidade com leis de privacidade, como o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês), exige o direito ao esquecimento. Esse é um conceito difícil de conciliar com ledgers imutáveis.”

Blockchain corporativa continuará prosperando

Apesar dos desafios visíveis, a adoção de blockchain corporativa continuará a florescer daqui para a frente.

Claver prevê que as instituições irão resolver os desafios relacionados à identidade digital, liquidez e regulamentações antes do final deste ano:

“Há uma necessidade urgente de que as instituições e empresas adotem a tecnologia blockchain para evitar uma crise global de liquidez.”

Ecoando essa fala, Adkins observa que “as empresas estão despertando para a realidade de que a blockchain pode trazer uma eficiência incomparável para suas operações”.

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