Rússia vai testar pagamentos com criptomoedas em importações militares
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A iniciativa se dará com base em uma lei que permite o uso de criptomoedas para liquidações de comércio exterior. Essa legislação entrou em vigor na Rússia recentemente. No entanto, ainda há questões pendentes de regulamentação.
Rússia deve focar em bens de dupla utilização
De acordo com um artigo do Vedomosti desta terça-feira (17), a iniciativa tem como foco os desafios de pagamentos dos importadores de bens de dupla utilização. Afinal, esse tipo de bem tem uso dual, com aplicações civis e militares. Por isso, estão sujeitos a restrições internacionais.
Portanto, o governo formou um grupo direcionado para o comércio exterior, com foco nos importadores de bens com possíveis aplicações militares.
Esse grupo de trabalho é composto por importadores da Câmara de Comércio e Indústria da Rússia (CCI), da Associação de Desenvolvedores e Produtores de Eletrônicos (ARPE) e por diversos bancos. Ainda não está claro se instituições financeiras estrangeiras irão se envolver. Mas o projeto se concentra em importadores que lidam com transações sensíveis com bancos da China e de outros países.
Os participantes do grupo de trabalho foram selecionados com base no volume de negócios de suas empresas, com prioridade para empresas de grande porte durante a fase experimental. Embora haja planos para expandir o grupo e incluir mais participantes, ainda é incerto como se dará o cronograma para ampliar esse experimento.
Rússia vem usando criptos para enfrentar as sanções
Após a proibição da China a respeito de drones civis não regulamentados, a Rússia intensificou os esforços para adotar criptomoedas nos pagamentos de comércio exterior. Afinal, a medida chinesa entrou em vigor no dia 1º de setembro.
O uso de drones em operações militares tornou seu comércio mais sensível, adicionando complexidade às transações internacionais russas.
A adoção de pagamentos em criptomoedas pela Rússia é uma resposta às sanções dos EUA e ao medo de sanções secundárias. Afinal, elas têm potencial de impactar os canais tradicionais de comércio.
Há notícias de que os maiores produtores de metais não sancionados da Rússia já começaram a usar Tether (USDT) para transações transfronteiriças com parceiros chineses. Essa é uma forma de contornar restrições do dólar americano e até mesmo do yuan.
Desde a imposição de sanções do sistema SWIFT poucos dias depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, o Kremlin vem lutando para fechar acordos comerciais usando yuan.
No entanto, contrapartes chinesas têm recusado cada vez mais esses pagamentos, devido ao medo de sanções dos EUA. Por isso, são devolvidos cerca de 80% dos pagamentos denominados em yuan para a Rússia.
Novas regras até novembro
Para lidar com esses problemas, a Rússia promulgou no dia 1º de setembro uma lei permitindo o uso de criptomoedas para comércio exterior. No entanto, uma regulamentação completa ainda está pendente.
Anatoly Aksakov, presidente do Comitê de Mercado Financeiro da Duma Federal (o poder legislativo russo), afirmou que o Banco Central e o Ministério das Finanças estão trabalhando nas novas regras. Portanto, em breve deverá ser possível operar pagamentos transfronteiriços com criptomoedas.
Essas novas regras, com divulgação prevista até novembro, irão limitar, inicialmente, a participação a algumas instituições financeiras. Essa seria uma forma de proteger o mercado de atividades ilícitas, como o comércio de armas e drogas.
Aksakov enfatizou que as criptomoedas serão usadas apenas para comércio exterior, e não para transações domésticas. Além disso, o processo terá uma regulamentação rígida para proteger a integridade econômica.
Ele também observou que empresas russas já estão utilizando criptomoedas para o comércio, com um volume total de transações atingindo a casa dos bilhões de dólares.
Mudanças são favoráveis ao setor cripto
Uma mudança que começará a valer em setembro é a liberação da mineração de criptomoedas na Rússia. Ela se soma à permissão da utilização de criptos para pagamentos internacionais, sinalizando para uma onda de novidades favoráveis ao setor de criptoativos russo.
Segundo uma análise recente da Chainalysis, a nova postura das autoridades russas pode representar uma menor dependência do dólar americano nas transações comerciais internacionais. Portanto, o mais provável é que o país adote stablecoins atreladas à China e aos BRICS.
Também existem considerações acerca de uma possível adoção de stablecoins centralizadas. Por exemplo, USDT e USDC estariam entre as candidatas nesse caso. No entanto, os riscos associados a essa opção não devem ser desprezados pelo governo russo.
Por outro lado, em relação à mineração, acredita-se que empresas com autorização para essa atividade escolheriam o Bitcoin como alvo, devido à sua popularidade e liquidez.
Além disso, segundo a Chainalysis, a Rússia pretende lançar duas corretoras de criptomoedas, em São Petersburgo e Moscou. No entanto, não há definição sobre a possível legalização de exchanges de criptos no país.
Atualmente, entre as corretoras que não exigem verificação dos usuários, alguns dos principais nomes no país incluem a Garantex, Tetchange, 100btc, Bitzlato e Suex. Aliás, a Garantex tem exercido um papel importante para a evasão de sanções aos russos.
Por isso, não se descarta a possibilidade de o governo recorrer a serviços como esses (oficialmente ou não) para aproveitar sua liquidez nas principais blockchains. Mas isso dependeria de uma série de movimentos difíceis por parte do estado russo.
Rússia cresce em ranking de adoção de criptoativos
Em um relatório da Chainalysis lançado recentemente, a Rússia ficou em 7º lugar geral em adoção de criptoativos, entre os 151 países pesquisados. O estudo 2024 Global Adoption Index é feito com base em dados on-chain e off-chain.
Ficaram à frente da Rússia, em ordem a partir do primeiro lugar, Índia, Nigéria, Indonésia, EUA, Vietnã e Ucrânia. Em seguida, completam o Top 10 as Filipinas, o Paquistão e o Brasil.
Na edição anterior do estudo, em 2023, a Rússia estava na 13ª colocação. Portanto, houve um avanço significativo no intervalo de apenas um ano. A principal razão para a crescente adoção de criptos no país, como já foi dito, são as sanções impostas aos russos como consequência da guerra da Ucrânia.