Polícia Federal da Argentina desencadeia operação para prender e notificar envolvidos em roubo de criptomoedas

Um homem russo foi preso e um casal de brasileiros recebeu uma notificação da polícia argentina. A suspeita é de que os dois estariam envolvidos em um roubo de criptomoedas e também pesos argentinos. O homem preso tinha em sua posse várias criptomoedas, dinheiro e senha de acesso a carteiras de criptomoedas.
O casal de brasileiros não foi detido, no entanto, foi formalmente comunicado da operação por meio de uma notificação. A ação da polícia argentina é fruto de uma investigação de longa data. O intuito é coibir a ação de hackers que têm causado prejuízos bastante substanciais em toda a América Latina.
Continue lendo para saber mais sobre o caso e a regulamentação das criptomoedas nos países envolvidos.
Investigação da Polícia Federal Argentina começou em 2022
A procura pelo russo preso recentemente na Argentina teve início após a ocorrência de um roubo há algum tempo. Na época, o ataque criminoso em questão envolveu hackers da Coreia do Norte em uma ação que acabou gerando um prejuízo de cerca de US$ 100 milhões em ativos digitais roubados de algumas carteiras.
Na mídia internacional esse roubo ficou conhecido como caso Harmony por causa do codinome usado na ação.
Segundo a Agência Notícias Argentinas, o russo preso poderia estar envolvido neste esquema que aconteceu em 2024. O réu tem 39 anos e não teve seu nome oficial divulgado. Ele tem sido monitorado há algum tempo pelos investigadores. O que se sabe até o momento é que ele é natural da Rússia, mas morava na cidade de Buenos Aires e mantinha contratos de aluguel de curto prazo. Isso porque a ideia dele era passar despercebido pelas autoridades e pelo governo argentinos.
A ação do preso envolvia a coordenação de um grupo no aplicativo de mensagens Telegram. Desse modo, ele conseguia coordenar as atividades dos demais membros da quadrilha e ter sucesso no roubo de criptomoedas pela internet.
O processo de investigação contou com uma série de medidas, cruzamento de dados e até mesmo ferramentas de rastreio de ativos digitais. Assim, foi possível identificar os proprietários do grupo e seus integrantes. O principal deles aparecia com o codinome Harmony Bridge 2022, que, segundo a polícia, era do russo preso.
A justiça autorizou buscas após a investigação
Os desdobramentos da investigação tiveram a autorização do 2º Tribunal Penal Econômico Nacional. As autoridades ordenaram buscas em diversas ruas de Buenos Aires para localizar os suspeitos e os produtos dos crimes. Além do russo, prenderam uma mulher de nacionalidade argentina. Notificaram um casal de brasileiros, integrante do grupo, sobre a investigação e seus desdobramentos.
Além disso, houve apreensão de diversos itens que podem ser provenientes das ações criminosas do bando. Ao todo, os envolvidos portavam cerca de US$ 54 mil em USDT e mais de 15 milhões em pesos argentinos. No local havia também 16 QRCodes usados para acessar carteiras de criptomoedas, pelo menos seis celulares, diversos computadores e outros itens.
O russo detido agora está à disposição da justiça argentina e norte-americana. Isso porque, anteriormente, o FBI já havia oferecido uma recompensa para quem fizesse a captura do hacker ligado ao caso Harmony. Além da subtração dos ativos, segundo o Código Penal da Argentina, o russo praticou o crime de lavagem de dinheiro.
Justiça argentina utiliza ferramenta de rastreio de criptomoedas na operação da PF
Um dos destaques da operação coordenada pela Polícia Federal argentina é o rastreio de ativos digitais. Por meio de uma nota, o Ministério Público do país confirmou o uso de uma ferramenta de propriedade da TRM Labs na operação.
Segundo a nota, o avanço das investigações teve maior efetividade graças a ajuda da tecnologia usada. A ferramenta permitiu que as investigações ocorressem em duas direções complementares. Primeiro, no monitoramento de todas as transações com as criptomoedas roubadas. Segundo, identificando a corretora em que o hacker mantinha a carteira digital da qual efetuou o saque.
Os membros do Ministério Público argentino agradeceram o auxílio prestado pelo FBI na solução do caso e destacaram a importância da cooperação internacional na investigação e punição dos crimes contra detentores de ativos digitais.
A regulamentação das criptomoedas na Argentina – Saiba mais sobre o andamento das discussões
O uso da internet para o roubo de criptomoedas é algo alarmante no mundo todo. Para alguns especialistas, a regulamentação do mercado digital pode ser o caminho para coibir e até mesmo evitar o uso do mercado dessa maneira. Por isso, alguns países estão investindo pesado no processo de regulamentação. Contudo, esse não é o caso da Argentina.
Desde que Javier Milei assumiu a presidência, poucas medidas surgiram para regulamentar o setor. Ao contrário disso, houve a aprovação de uma lei que aumenta o alcance do mercado e possibilita o aumento de capital por parte das empresas que trabalham com criptomoedas. Isso aconteceu depois que um especialista em blockchain assumiu a diretoria da Agência Federal de Segurança Cibernética (AFC).
Por não haver controle sobre a atuação das corretoras, os argentinos tendem a confiar na atuação das exchanges. Segundo uma pesquisa recente, as corretoras consideradas confiáveis no resto do mundo não são as mais procuradas pelos argentinos. Essa mobilização é contrária à lógica do mercado digital.
Assim, existe um maior risco para os investidores do país. Isso acaba sendo potencializado pelo aumento da crise econômica que está em curso. O peso argentino tem estado cada vez mais desvalorizado frente ao dólar americano. Isso tem impulsionado a adoção de criptomoedas por nativos e também turistas.
O Tether, por exemplo, vem sendo frequentemente usado por moradores para manter seu dinheiro e fugir dos efeitos da inflação. Mas sem uma regulamentação ou fiscalização específica, fica mais fácil a aplicação de golpes, furtos e lavagem de dinheiro. Dessa forma, a confiança na Argentina como um mercado promissor fica prejudicada, aumentando ainda mais a instabilidade no país.

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