Mineração de Bitcoin libera poluentes nocivos, revela estudo
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Um estudo publicado recentemente fez soar um alarme sobre o impacto ambiental e na saúde pública da mineração de Bitcoin nos EUA.
De acordo com a pesquisa, que foi revisada por pares, as emissões das principais instalações de mineração de BTC emitem material particulado fino (PM2,5).
O PM2,5 é perigoso porque se espalha para longe do ambiente original, chegando a prejudicar milhões de americanos em estados distantes.
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Poluição de PM2,5 expõe 1,9 milhão de americanos
Publicado na Nature Communications no dia 26 de março, o estudo recebeu o nome de ‘O fardo ambiental do boom da mineração de Bitcoin nos Estados Unidos’. Ele teve a liderança da Dra. Francesca Dominici, da Escola de Saúde Pública TH Chan de Harvard.
Os pesquisadores examinaram as 34 principais instalações de mineração de Bitcoin nos EUA entre agosto de 2022 e julho de 2023.
Suas descobertas mostram que essas instalações consumiram 32,3 terawatts-hora de eletricidade, 33% a mais do que toda a cidade de Los Angeles. Aliás, 85% dessa energia foi proveniente de combustíveis fósseis.
Além disso, essa atividade de mineração expôs cerca de 1,9 milhão de americanos a níveis elevados de PM2,5.
A cidade de Nova York, o corredor Houston/Austin, o nordeste do Texas e partes da divisa entre Illinois e Kentucky foram as zonas com maior exposição.

Os moradores dessas regiões foram expostos a ≥0,5 μg/m³ de PM2,5 adicional diretamente atribuível à mineração de Bitcoin. Essa concentração está associada ao aumento de riscos à saúde e mortes prematuras.
Além disso, uma preocupação fundamental é a natureza transfronteiriça da poluição.
Por exemplo, moradores de Metropolis, Illinois, recebem emissões de PM2,5 de uma usina de energia no Kentucky que dá suporte a uma mina de Bitcoin na Carolina do Norte.

Portanto, haveria um ponto cego regulatório, já que os governos estaduais não têm jurisdição para controlar a poluição causada por atividades fora de seus limites.
O estudo sugere que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) poderia resolver isso com uma regra de ‘boa vizinhança’. Ou seja, poderia obrigar os estados ‘a favor do vento’ a reduzir emissões de usinas de energia de maneira mais agressiva.
Cresce preocupação com impacto da mineração de Bitcoin
Esta não é a primeira vez que a mineração de Bitcoin recebe críticas por sua pegada ambiental.
Por exemplo, em março de 2024, uma ONG da Pensilvânia, Save Carbon County, processou a Stronghold Digital Mining por queimar carvão residual e pneus para gerar eletricidade.
Foi o primeiro processo do tipo a invocar o direito constitucional da Pensilvânia a um ambiente limpo como base para contestar a aprovação estadual de licenças de mineração de criptomoedas.
Além disso, a nível global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sinalizou que a mineração de criptomoedas é uma ameaça energética crescente.
Em um relatório de agosto de 2024, o FMI estimou que a mineração de Bitcoin criptomoedas e seus data centers já consomem 2% da eletricidade total no mundo.
Por isso, o órgão internacional propôs uma medida ousada: um aumento de 85% nos impostos sobre eletricidade para mineradores de criptomoedas.
Afinal, esse imposto poderia gerar US$ 5,2 bilhões anualmente e reduzir as emissões de carbono em 100 milhões de toneladas, algo comparável às emissões anuais da Bélgica.
Por outro lado, um imposto do tipo pode minar o interesse de quem pretende investir em mineração de Bitcoin.
Resposta mista da indústria e inovação sustentável
No entanto, nem todos concordam com essa perspectiva sombria da mineração de Bitcoin.
Mason Jappa, CEO da empresa de mineração norte-americana Blockware Solutions, criticou as suposições de um estudo recente, alegando que ele superestima o consumo de energia do setor.
Ao mesmo tempo, a inovação no setor de mineração de criptomoedas vem se voltando à promoção da sustentabilidade.
Na Finlândia, a empresa de infraestrutura Hashlabs Mining lançou um projeto-piloto usando plataformas ASIC WhatsMiner M63S para produzir água quente como um subproduto da mineração de Bitcoin.
Em seguida, esse calor é redirecionado por meio de redes de aquecimento distrital para aquecer residências. Portanto, trata-se de um caso raro em que a energia da mineração de criptomoedas é reaproveitada para benefício da comunidade.

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