Cresce uso de dinheiro digital, incluindo depósitos tokenizados

O uso de dinheiro digital vem aumentando, para além de moedas de bancos centrais – ou seja, CBDC (Central Bank Digital Currency). Foi o que revelou pesquisa recém-divulgada pelo Citi, que mostrou, ainda, que essa tendência deve se manter.
Conforme o relatório, esse movimento está atrelado à crescente comercialização de ativos digitais e da tecnologia de ledger distribuído (DLT) – em inglês, Distributed Ledger Technology. Essa tecnologia se assemelha à blockchain e funciona como uma espécie de banco de dados digital e auditável, com informações compartilhadas, sincronizadas e distribuídas por um ecossistema em rede.
A pesquisa entrevistou mais de 500 pessoas ligadas ao mercado financeiro. Além disso, agregou insights de instituições financeiras de várias regiões do mundo.
Como resultado, o Citi mostrou que, até 2026, 65% dos respondentes planejam usar alternativas às CBDCs para liquidar títulos digitais. Entre as opções estão, por exemplo, stablecoins, depósitos tokenizados e sistemas de pagamentos digitais.
No levantamento do ano anterior, a CBDCs eram a forma preferida de dinheiro digital por 52% dos entrevistados. Ou seja, o resultado de 2024 marca uma mudança expressiva no mercado.
A pesquisa, no entanto, faz uma ressalva no sentido de que a adoção digital, de uma maneira geral, ocorre em ritmos diferentes, de acordo com cada país e região.
Conforme essa última edição do estudo, Ásia-Pacífico e Europa estão liderando a comercialização de DLT e ativos digitais. Entre os respondentes dessas regiões, 48% e 46% (respectivamente) afirmaram que estão, de fato, explorando iniciativas nessas áreas.
A constatação é de que o crescimento do setor de ativos digitais está diretamente ligado à regulação. Em regiões onde há uma preferência por regular, em vez de evitar ou prevenir, esse mercado se desenvolve mais rapidamente.
O relatório do Citi aponta que clareza com relação à regulação (77%) e Interoperabilidade entre redes e wallets (47%) são os principais desafios para viabilizar o uso generalizado de ativos digitais.
Tokenização se populariza
Conforme o levantamento do Citi, a tokenização é a opção mais popular entre os que buscam opções digitais para além das CBDCs. No contexto da venda de ativos (sell-side), 62% dos entrevistados disseram que estão focando seus esforços de DLT e ativos digitais na tokenização. Tanto no caso de ativos privados como públicos.
A pesquisa revelou, ainda, que, enquanto a tokenização de ativos se potencializa, o sell-side prefere trabalhar com redes privadas. Em outras palavras, 64% dos entrevistados que atuam no sell-side pretendem recorrer a redes gerenciadas por bancos, empresas de tecnologia ou infraestruturas do mercado financeiro (IMFs).
Por outro lado, no contexto do buy-side (área de compras), os gestores de ativos estão mais focados em blockchains públicas para tokenização de fundos e oportunidades de distribuição.
“Nosso mais recente whitepaper enfoca a nova fronteira da indústria, que é a crescente aplicabiidade da tecnologias. Isso inclui tecnologia de ledger distribuído e ativos digitais, asim como o expressivo potencial para a tokenização em escala, afirmou Okan Pekin, Head of Securities Services no Citi.”
O relatório do Citi avalia que, a partir de uma perspectiva prática, a tokenização é decisiva para a convergência entre os universos dos ativos tradicionais e dos ativos digitais. Isso porque a tokenização oferece a liquidez do mercado tradicional e a mobilidade e “programabilidade” do mercado digital.
Aceleração das transações
Como resultado desse movimento, o estudo aponta a aceleração das transações, de forma segura. Em outras palavras, a transição para o modelo T+1 (ou seja, com processamento da transação em um dia) deve se intensificar.
Entre os entrevistados, 44% citaram a importância da adoção do modelo T+1 (por outro lado, em 2023, esse percentual foi apenas 28%). Além disso, 95% afirmaram que esperam fazer a transição do T+2 para o T+1 dentro de cinco anos.
“A aceleração da convergência entre ativos tradicionais e ativos, bem como modelos operacionais, reforça a necessidade de plataformas modernas, dados confiáveis e informação em tempo real. Esperamos ver investimento continuados em automação, infraestrutura em nuvem e APIS, além de soluções que integrem redes DLT”, afirmou Amit Agarwal, Head of Custody, Securities Services no Citi.
América Latina: fonte de mudanças
O estudo do Citi destaca, particularmente, o papel da América Latina na transição para T+1. Nesse caso, o relatório cita Argentina e Peru como exemplos de mercados que aceleram seus ciclos com sucesso neste ano.
No que diz respeito ao Brasil, a pesquisa ressalta, no mercado de títulos digitais, a expectativa quanto à chegada, em breve, do DREX (ou seja, o Real Digital, moeda digital do Banco Central). Conforme o estudo, isso coloca o Brasil à frente de muitos outros mercados do mundo.

O Citi também menciona recente anúncio do Chile sobre planos de oferecer uma plataforma baseada em DLT. Seria, portanto, mais uma evidência de como a América Latina está ativa nesse setor.

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