Corretoras brasileiras compram mais de R$ 60 bi de Bitcoin no exterior para revender no Brasil

As corretoras brasileiras de criptomoedas mostraram bastante interesse pelo Bitcoin recentemente, adquirindo mais de US$ 12,3 bilhões (aproximadamente R$ 66,81 bilhões) em moedas digitais no exterior. O objetivo da compra é a revenda no mercado nacional, de acordo com dados recentes divulgados pelo Banco Central na última quarta-feira.
Esse valor, que cobre o período de janeiro a agosto deste ano, já supera todo o valor importado em 2022, mostrando um aumento significativo na demanda por criptoativos no Brasil.
Os números também revelam certa expansão do mercado, com um incremento de 19,62% apenas em agosto deste ano, comparado ao mesmo mês do ano anterior.
O crescimento acumulado nos primeiros oito meses do ano alcançou impressionantes 66,64% em relação ao mesmo período de 2023. Dessa forma, mostra-se um interesse e uma confiança cada vez maiores dos brasileiros nos investimentos em criptomoedas, apesar das conhecidas flutuações do mercado.
Pessoas físicas são responsáveis por apenas 0,3% das transações de cripto internacionais
Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, observa um crescimento significativo na demanda por criptomoedas entre os clientes das corretoras nacionais.
Por isso, para satisfazer essa demanda crescente, as exchanges brasileiras intensificam a importação de Bitcoin e outras criptomoedas, incluindo as stablecoins.
Rocha explica que, embora as exchanges mantenham carteiras próprias focadas em transações, são os clientes que realmente impulsionam essa necessidade de expansão.
A maior parte das criptomoedas adquiridas pelas corretoras brasileiras vem de mercados internacionais como os Estados Unidos, Hong Kong, Singapura, Ilhas Virgens Britânicas e Reino Unido.
Além disso, dados do Banco Central revelados no ano passado mostram que a vasta maioria das compras internacionais de Bitcoin — cerca de 99,7% — são realizadas não por indivíduos, mas por empresas. Estas companhias adquirem as criptomoedas principalmente para revendê-las aos consumidores no Brasil.
Desde 2020, apenas uma fração mínima, 0,3%, das transações internacionais de criptomoedas foi atribuída a pessoas físicas. Como resultado, a maioria esmagadora foi conduzida por empresas, tanto financeiras quanto não financeiras.
Custo de energia limita a exportação de criptomoedas no Brasil
Desde 2019, quando as criptomoedas começaram a ser consideradas nos cálculos da Balança Comercial do Banco Central do Brasil, esses ativos têm estado “deslocados” da economia nacional.
No entanto, uma recente mudança na metodologia em junho deste ano levou à realocação dos criptoativos para as transações correntes, saindo assim da contagem tradicional da Balança Comercial.
O Banco Central esclareceu que, devido à ausência de registros aduaneiros típicos para criptomoedas, elas não aparecem nas estatísticas tradicionais de comércio exterior de mercadorias.
Em suma, abordam-se as transações com criptoativos a partir de contratos de câmbio, devido à natureza digital e descentralizada desses ativos.
Além disso, o valor das transações com criptomoedas mostra uma tendência de crescimento constante. O valor médio dessas operações se manteve acima de US$ 100 mil desde 2018.
Dessa forma, isso indica um maior interesse e integração dos criptoativos nas finanças do país, apesar dos desafios regulatórios e operacionais.
Ademais, a mineração de criptomoedas no Brasil enfrenta barreiras relevantes, principalmente devido ao alto custo de energia elétrica. Como resultado, essa situação acaba limitando a capacidade do país de exportar criptomoedas, mantendo um fluxo predominante de importações.
Por fim, um relatório do BC e dados do FMI destacam que a maior parte da mineração global de Bitcoin vem de apenas quatro países. São eles China, Geórgia, Suécia e Estados Unidos, devido às suas vantagens em termos de custos energéticos.

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