Consensus 2024 – Cripto, política, inteligência artificial e mais

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Daniela de Lacerda
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Milhares de pessoas da comunidade cripto se reuniram há alguns dias em Austin, Texas, para acompanhar o festival Consensus 2024. A conferência anual de blockchain, promovida pela CoinDesk, atraiu mais de 15 mil participantes (bem mais do que as 10 mil do ano passado).

Além de o Consensus 2024 atrair mais gente, a vibe geral do evento foi mais animada e otimista do que se viu no ano passado. Isso se deve, provavelmente, à proximidade da eleição presidencial nos Estados Unidos, somada às recentes aprovações de ETFs de Bitcoin e Ethereum.

John Deaton, candidato ao Senado dos Estados Unidos por Massachusetts, disse ao Cryptonews que, no ano passado, o clima no Consensus foi mais pesado, devido ao colapso da FTX e de outras exchanges. Em 2024, entretanto, o evento, segundo ele, foi diferente.

“Neste ano, diante de tudo o que aconteceu – a exemplo do sucesso que tivemos no Congresso com a votação e a possibilidade de derrotar Elizabeth Warren e Gary Gensler em determinadas questões – a atmosfera estava muita mais positiva e otimista”, afirmou Deaton.

O candidato ainda acrescentou que, em sua opinião, “as pessoas perceberam que a tecnologia blockchain chegou para ficar, e que essa é uma nova classe de ativos que se tornará mainstream”. De acordo com Deaton, os participantes do evento estavam animados com essa perspectiva.

Cripto x política

De fato, os participantes do Consensus 2024 pareciam mais interessados em ouvir insights de representantes oficiais do governo dos Estados Unidos, a exemplo do congressista Tom Emmer e da comissária da SEC (Comissão de Valores Mobiliários) Hester Peirce.

Enquanto cripto e política foram alvo de acalorados debates no Consensus, o congresista Tom Emmer afirmou, durante sua apresentação, que as criptomoedas não se tratam de uma questão partidária, mas, sim, de apoiar o Estado administrativo ou o indivíduo.

“Os dois partidos políticos estão caminhando no sentido de apoiar o setor cripto, apesar de um estar se movendo mais rápido do que o outro”, disse Emmer.

Além disso, Emmer afirmou, repetidamente, que a senadora anti-cripto Elizabeth Warren influencia, atualmente, várias decisões da Casa Branca.

O candidato presidencial Robert F. Kennedy Jr. também conversou com um grupo de jornalistas antes de seu keynote, no dia 30 de maio.

Quando questionado sobre a recente aprovação do ETF de Ethereum nos Estados Unidos, RFK Jr. disse ao Cryptonews que estava muito feliz com essa decisão. “É um passo na direção certa, que eu aplaudo. Nos deveríamos estar fazendo o possível para encorajar o fluxo de capital em moedas alternativas e descentralizadas”, afirmou.

Tokenização, Bitcoin Layer-2 e inteligência artificial

Questões políticas à parte, a tokenização de ativos reais (real-world assets – RWAs), Bitcoin de camada 2 (layer 2 ou L2) e inteligência artificial foram alguns dos temas mais discutidos.

David Schwartz, CTO da Ripple, disse ao Cryptonews que a empresa está particularmente focada na tokenização de produtos RWA. Recentemente, a Ripple lançou sua própria stablecoin, demonstrando o interesse da companhia na tokenização.

“Ativos reais tokenizados são produtos em conformidade com as regulamentações, que correspondem a títulos em blockchains, mas podem ser usados como garantia em protocolos DeFi”, afirmou Schwartz.

Em suma, trata-se de algo importante. Principalmente ao considerar que, segundo Schwartz, a tokenização de RWA reforça a ideia de associar usos institucionais a usos DeFi.

Descentralização e escalabilidade

Redes Bitcoin de Layer-2 também foram alvo de intensas discussões. Stacks – a mais conhecida e uma das mas antigas Bitcoin L2s –, junto com a Rootstock Labs, tiveram uma importante participação no Consensus.

Daniel Fogg, CEO da Rootstock, disse ao Cryptonwews que, apesar de o Bitcoin ser altamente descentralizado e seguro, sua escalabilidade continua sendo um problema. Ele explicou que o Bitcoin L2s busca resolver esse desafio.

“A maior parte dos Bitcoins estão em exchanges centralizadas, são mantidas por custodiantes ou estão em carteiras cold storage, sem fazer nada”, afirmou Fogg. “Estão mantendo valor, mas esse valor não está sendo aproveitado de nenhuma maneira. Acredito que é aí que um ecossistema DeFi, conectado ao Bitcoin, se torna interessante”.

Sem nenhuma surpresa, a inteligência artificial também foi bastante discutida no Consensus. Brendan Eich, fundador da Brave Browser, foi um dos que se aprofundaram nesse tópico. Ele disse ao Cryptonews que a Brave Browsr tem uma ferramenta de busca que se baseia em AI para fornecer respostas.

“Quando você digita uma questão, pode fazer uma busca e obter resultados orgânicos ou clicar em um recurso que utiliza a inteligência artificial e oferece um bom resumo. Nós citamos todas as referências, de maneira que você saiba de onde vêm as respostas”, explicou. Segundo ele, essa transparência com relação às fontes é fundamental.

Consensus 2024 demonstrou crescimento do ecossistema

De uma maneira geral, o Consensus 2024 mostrou que os ecossistemas de blockchain e cripto continuam a evoluir e a crescer. Apesar do recente bear market e do colapso da FTX, a adoção de criptomoedas está caminhando e as pessoas, mundo afora, se mantêm interessadas.

O crescimento desses ecossistemas é, de fato, algo aparente, quando se considera que as redes Layer-1 também passaram a priorizar a interoperabilidade. Min Wei, Head de Ecosystem Growth na Algorand, disse ao Cryptonews que uma tendência que observou foi exatamente a interoperabilidade. “Vamos realmente explorar isso e assegurar que seja fácil para os projetos se conectarem a outros ecossistemas”, afirmou Wei.

Para além de tudo isso, vale ressaltar que várias mulheres participaram de eventos associados à Web3 durante o Consensus – mesmo o setor cripto sendo majoritariamente formado por homens.

Sandy Carter, COO na Unstoppable Domains, disse ao Cryptonews que realizou um brunch para mulheres na Web3 durante o festival. Em resumo, ela explicou que o objetivo de eventos como esse é fazer com que as mulheres que atuam nessa área se encontrem pessoalmente e desenvolvam parcerias e novos negócios.

“As mulheres representam apenas 8% da comunidade cripto. Ainda estamos em um dígito, e isso é ridículo”, afirmou Carter. “Espero que estejamos criando um ambiente de inclusão, que permita a participação de todos. Fazemos muitas coisas digitalmente, mas nada se compara a conexões no mundo real”, destacou.

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