Adoção de criptos em alta na África — Ásia ainda lidera
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As criptomoedas introduziram um ecossistema financeiro totalmente novo, longe das autoridades monetárias. Além disso, permitiram que as pessoas tenham um controle maior sobre suas finanças. No entanto, seu impacto pode ir muito além. Em mercados emergentes como os da África, por exemplo, as criptos podem gerar crescimento econômico e a inclusão financeira.
Um relatório da Chainalysis, divulgado em outubro, mostra que a adoção de criptomoedas no continente africano, e especificamente na África Subsaariana, teve um crescimento significativo em um ano. Afinal, recebeu um valor estimado de US$ 125 bilhões entre julho de 2023 e junho de 2024. Ou seja, um aumento de US$ 7,5 bilhões em relação ao período anterior.
África Subsaariana lidera na adoção de DeFi
À medida que o setor de criptomoedas tenta resolver problemas da vida real, a África Subsaariana continua a liderar na adoção em massa de finanças descentralizadas (DeFi).
O foco está em casos de uso prático de criptomoedas. Por exemplo, inclui o uso de ativos digitais para pagamentos de produtos e serviços. No entanto, também é uma forma de proteção contra a inflação, além de servir para transações peer-to-peer.
Como destaca o relatório da Chainalysis:
“A África Subsaariana vem emergindo como um modelo global de como as criptomoedas podem gerar impacto no mundo real, especialmente em áreas mal atendidas por sistemas financeiros tradicionais.”
Segundo Blake Player, diretor de crescimento da VALR, uma bolsa de criptomoedas sediada na África do Sul, os dados da Chainalysis não indicam necessariamente a adoção real de criptomoedas.
Player diz que muitos mercados em desenvolvimento, como a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, têm uma participação de mercado maior em controle de ativos ou volume de negociação. No entanto, o uso de criptomoedas na economia real nesses mercados é bastante baixo.
“As pessoas estão especulando e investindo, principalmente, o que é apenas um dos usos das criptomoedas. Na África, vemos casos de uso significativo no mundo real, como pagamentos e reserva de valor. Para muitas pessoas em países com alta inflação e um governo instável, essa é uma inovação que salva vidas.”
Stablecoins estão se tornando uma solução confiável
Segundo Mark Mbugua, gerente regional de marketing da Yellow Card, as stablecoins podem se tornar as principais criptomoedas africanas. Afinal, têm potencial para causar um impacto transformador no crescimento econômico e na inclusão financeira da região.
Ele explica ainda que existem regiões nas quais as moedas locais são muito voláteis. Além disso, o acesso a moedas estrangeiras é limitado. Por isso, as stablecoins estão se tornando uma solução confiável para os moradores locais.
“Em muitas partes da África, as pessoas estão usando cada vez mais stablecoins, Bitcoin e outras criptomoedas para converter sua moeda local em ativos digitais mais estáveis. Isso permite que indivíduos e empresas protejam seu dinheiro das flutuações e desvalorizações da moeda local.”
Um caso de sucesso na adoção de criptomoedas é o da Nigéria. Afinal, um relatório da Castle Island Ventures indica que os usuários nigerianos são os que têm a maior afinidade com stablecoins entre os países pesquisados.
Distância dos centros geopolíticos
Um tópico cansativo para investidores em criptomoedas na UE e nos EUA é o cenário regulatório em constante mudança. Afinal, isso exige muito cuidado e pesquisa antes, durante e depois de um investimento nesse mercado.
No entanto, esse não é um grande problema na África. Pelo menos, é o que diz Gracy Chen, CEO da Bitget. A Bitget é uma exchange de criptomoedas com forte presença na África.
Chen explica que a distância dos principais centros geopolíticos permite que os países subsaarianos tracem seus caminhos de desenvolvimento e construam suas economias seguindo o exemplo. Ou seja, eles podem se basear nas experiências das principais economias do mundo em relação ao uso e à regulamentação de ativos digitais.
“As principais economias enfrentam desafios significativos nessa área, com seus órgãos reguladores abordando novas questões sem a possibilidade de realizar mudanças radicais. Enquanto isso, as nações africanas aproveitam as oportunidades, ignorando o método de tentativa e erro. Elas se concentram em criar um sistema econômico moderno, em vez de reestruturar um sistema que foi construído no século 20.”
Maior acessibilidade para uma população não bancarizada
De acordo com dados do Banco Mundial de 2024, 49% das pessoas adultas na África Subsaariana têm uma conta bancária. Isso pode parecer incrivelmente baixo. Mas, na verdade, representa um crescimento de 50% em relação a 2011.
O setor de criptomoedas também tem ajudado a resolver esse problema. Afinal, oferece inclusão financeira para populações não bancarizadas, segundo Mbugua, da Yellow Card.
“Muitos africanos ainda não têm acesso a serviços bancários tradicionais, o que limita sua capacidade de poupar, investir ou mesmo realizar transações de forma eficiente. Por meio de plataformas como a nossa, esses indivíduos têm maneiras acessíveis e rápidas de transferir dinheiro, acessar crédito e investir em ferramentas que constroem riqueza. E tudo isso sem a necessidade de uma conta bancária tradicional.”
Ásia domina na adoção de criptomoedas
Apesar de a região africana ter registrado um aumento significativo na adoção de criptomoedas, a Ásia continua sendo a região dominante nesse quesito, como mostra uma pesquisa da Aspen Digital.
Afinal, segundo esse estudo, 76% dos entrevistados disseram que estavam aumentando seus investimentos em ativos digitais na região. Além disso, outros 18% disseram que planejavam fazer isso futuramente.
O lançamento de ETFs de Bitcoin no início do ano ajudou a trazer bilhões de capital novo para o setor. Por exemplo, 53% dos entrevistados dizem que conseguiram acesso a criptomoedas por meio de fundos ou ETFs, de acordo com a Aspen Digital.
Perspectivas futuras
Apesar de certos desafios na adoção de criptomoedas na África, o setor continua vendo novas oportunidades se abrindo. Afinal, elas são impulsionadas pela necessidade de inclusão financeira, menores custos de transação e proteção contra a volatilidade das moedas locais.
Mbugua, do Yellow Card, acrescenta que, embora o cenário regulatório da região esteja atrasado em termos de inovação, alguns países estão fazendo progressos.
Por exemplo, a África do Sul classifica os criptoativos como produtos financeiros. Já a Botsuana e as Ilhas Maurício introduziram regimes de licenciamento específicos para criptomoedas. Além disso, há sandboxes de fintech surgindo no Quênia, Uganda e Nigéria, onde reguladores estão experimentando produtos de criptomoedas.
Segundo Mbugua:
“A Yellow Card adotou uma abordagem proativa, trabalhando em estreita colaboração com reguladores para garantir a conformidade e moldar a política. Por exemplo, fomos a primeira empresa de Botsuana a receber uma licença para serviços de ativos virtuais, o que nos permitiu operar sob a nova estrutura regulatória.”
África e Ásia devem liderar mercado cripto depois de 2030
Chen, da Bitget, conclui que tanto a África quanto a Ásia podem se tornar líderes em mercados de criptomoedas nos próximos 5 a 10 anos.
“Essa mudança se deve principalmente à capacidade de aprender com as experiências negativas de superpotências em relação às regulamentações de criptomoedas. Além disso, condições demográficas e econômicas favoráveis nessas regiões dão suporte a esse crescimento.”

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