ETFs de criptomoedas são um risco para o mercado financeiro?

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Flavio Aguilar
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ETFs de criptomoedas são um risco para o mercado financeiro?Um think-tank influente na Coreia do Sul, focado em finanças e economia, levantou preocupações sobre a possível aprovação de ETFs de criptomoedas no país.O Korea Institute of Finance, por meio da pesquisadora Bo-mi Lee, argumentou que os potenciais riscos associados a esses produtos financeiros podem superar em muito seus benefícios.Isso gerou um debate sobre as implicações dos ETFs de criptos nos mercados financeiros globais. Afinal, eles poderiam ter um impacto significativo na volatilidade do mercado, alocação de recursos e liquidez.

ETFs de criptomoedas no contexto do mercado financeiro global

Os ETFs de criptomoedas podem gerar impactos significativos para o mercado financeiro global, especialmente no longo prazo.Esses produtos permitem aos investidores ter exposição a criptomoedas como Bitcoin e Ethereum sem possuir os ativos subjacentes. Por isso, recebem elogios ao potencialmente aumentar a acessibilidade e a liquidez do mercado.No entanto, eles também trazem um conjunto de riscos que podem comprometer a estabilidade de sistemas financeiros em todo o mundo. A capacidade dos ETFs de atrair capital substancial para o mercado de criptomoedas, especialmente em períodos de aumento de preços, gera dúvidas sobre seu impacto geral sobre a estabilidade financeira.De fato, os investidores demonstraram forte interesse no lançamento dos ETFs de Bitcoin. Afinal, eles tiveram entradas superiores a US$ 20 bilhões nas primeiras semanas de negociação.Isso representa um enorme influxo de capital. Uma média superior a US$ 500 milhões por dia (o que equivale a aproximadamente 10.000 BTC). Portanto, superou até mesmo a produção diária de Bitcoin, que é de aproximadamente 1.800 BTC.Além disso, esses fundos podem não oferecer o mesmo grau de proteção ao investidor que outros ETFs. Afinal, estão sujeitos a controles mais flexíveis em relação às suas taxas, além de conflitos de interesse.Aliás, até mesmo o presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, da sigla em inglês), Gary Gensler, fez ressalvas a esses produtos. Apesar de ter votado a favor dos ETFs de Bitcoin, ele afirmou que sua aprovação pela agência não representava um endosso ao Bitcoin.Gensler descreveu a criptomoeda da seguinte forma:

“…em suma um ativo especulativo e volátil, que também é usado para atividades ilícitas, incluindo ransomware, lavagem de dinheiro, evasão e financiamento do terrorismo.”

Crescente volatilidade do mercado

Uma das principais preocupações relacionadas aos ETFs de criptomoedas é que eles poderiam elevar a volatilidade do mercado. As criptomoedas já são conhecidas pelas suas oscilações de preço. Portanto, adicionar os ETFs a essa equação poderia exacerbar as flutuações.À medida que os ETFs atraem mais investidores, as entradas e saídas de capital podem gerar movimentos bruscos de preços. Em momentos de maior euforia no mercado, isso poderia resultar em um grande fluxo de capital para o mercado de criptomoedas, com potencial para gerar “bolhas”.Por outro lado, em momentos de baixa, a saída rápida de fundos poderia desencadear declínios acentuados, aumentando a instabilidade geral do mercado.No entanto, de acordo com a empresa de análise de dados Bauer, a volatilidade do Bitcoin vem diminuindo consistentemente nos últimos anos. Por exemplo, segundo a Bauer, a volatilidade não excedeu 4,5% desde a introdução dos futuros de Bitcoin. Esse dado leva em conta a média de 100 dias das variações diárias de preços em pontos percentuais.A empresa espera que essa volatilidade diminua ainda mais com a recente introdução dos ETFs de Bitcoin.

Distorções em alocação de recursos e liquidez

Outro problema em evidência é a potencial distorção na alocação de recursos e liquidez durante as fases de flutuação do mercado. Quando um volume grande de capital flui para o mercado de criptomoedas por meio de ETFs, pode haver ineficiências na distribuição de recursos pelo sistema financeiro.As instituições financeiras podem alocar mais recursos em ativos de criptomoedas. No entanto, isso ocorreria em detrimento de outros setores, levando a possíveis desequilíbrios. Além disso, a liquidez dos mercados financeiros pode ser afetada de forma negativa.Isso é especialmente importante. Afinal, nos Estados Unidos, o aperto monetário e a elevada emissão de títulos do Tesouro pelo Fed já provocam uma redução significativa na liquidez geral.O Fed vem reduzindo seu balanço patrimonial, deixando US$ 95 bilhões por mês expirarem. Portanto, há uma diminuição da quantidade de dinheiro ocioso no mercado.A redução do saldo de acordos de recompra reversa deve atingir zero até o terceiro trimestre de 2024. Portanto, tende a gerar mais pressão sobre as reservas bancárias, com potencial para causar um estresse de liquidez no sistema financeiro.

Risco sistemático

Os ETFs de criptomoedas também podem introduzir riscos sistêmicos ao sistema financeiro em uma análise mais ampla.Afinal, esses fundos podem conectar de forma mais estreita os mercados financeiros tradicionais e o mercado de criptomoedas.Essa interconectividade significa que interrupções ou falhas significativas no mercado de criptos poderiam ter um efeito dominó sobre o sistema financeiro. Portanto, afetaria outras classes de ativos e instituições financeiras.Embora os ETFs sejam projetados para uma maior liquidez, durante períodos de estresse no mercado, essa liquidez pode secar.Se muitos investidores tentarem vender suas participações em ETFs de criptos simultaneamente, isso poderia levar a uma falta de liquidez.

A necessidade de estruturas regulatórias robustas

Para mitigar os riscos associados aos ativos de criptomoedas e seus ETFs subjacentes, estruturas regulatórias robustas são cruciais.Essas estruturas devem proteger os investidores e garantir a estabilidade dos mercados financeiros.Por exemplo, em 2022, a Casa Branca lançou a primeira regulação abrangente para o desenvolvimento responsável de ativos digitais.Ela incentivou ações de reguladores existentes, como a SEC e a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC, da sigla em inglês).No entanto, o presidente norte-americano tem poder limitado sobre esses assuntos, e as diretrizes da Casa Branca são apenas recomendações.As diretrizes lançadas pelo governo Biden abordam temas como a proteção do consumidor. Também buscam promover a estabilidade financeira e o avanço da inovação responsável.No entanto, o colapso da exchange de criptomoedas FTX e outras falências de alto impacto na indústria, como a da BlockFi, mudaram tudo. Afinal, as agências reguladoras dos EUA começaram a adotar uma abordagem mais hostil em relação aos criptoativos.Para sermos mais claros, a CFTC e (especialmente) a SEC iniciaram uma onda de repressão contra a indústria de criptomoedas.Mais recentemente, o presidente Joe Biden vetou uma resolução do Congresso que anularia uma orientação da SEC sobre criptomoedas. A indústria de criptos alega que essa orientação teria dificultado sua capacidade de trabalhar junto aos bancos.A decisão de vetar essa resolução gerou uma frustração grande junto à comunidade cripto. Afinal, muitas pessoas levantaram preocupações com o que seria uma barreira à inovação e ao crescimento da indústria.

O panorama financeiro da Coreia do Sul

No contexto da Coreia do Sul, as preocupações em relação à introdução de ETFs de criptomoedas são particularmente grandes. Afinal, o regulador financeiro do país já tomou medidas para apertar as regras sobre criptoativos para proteger os usuários.Por exemplo, desde o dia 19 de julho, as exchanges de criptomoedas registradas no país são obrigadas a avaliar os tokens listados em suas plataformas. Além disso, a nova regulamentação exige que as exchanges de cripto no país cumpram regras básicas para a listagem de tokens. Elas também precisam reavaliar os tokens já listados a cada seis meses.Outra exigência é que as exchanges realizem testes de confiabilidade na entidade emissora, além de verificarem os padrões de segurança e a conformidade regulatória das criptomoedas.Por fim, o país avisou que as plataformas que não cumprirem com as novas regras enfrentarão penalidades. Elas podem incluir um mínimo de um ano de prisão ou multas.

O impacto dos ETFs de criptos na estabilidade financeira da Coreia do Sul

A introdução de ETFs de criptomoedas na Coreia do Sul pode impactar a estabilidade financeira do país, principalmente porque o país é um player importante do mercado das criptomoedas.No primeiro trimestre deste ano, o won sul-coreano se tornou a principal moeda fiduciária para negociação de criptomoedas, superando o dólar americano.O won atingiu um volume de negociação correspondente a US$ 456 bilhões em exchanges de criptomoedas centralizadas. Portanto, superou o volume de US$ 455 bilhões em dólares americanos.Da mesma forma, uma pesquisa recente revelou que a maioria dos jovens sul-coreanos está perdendo a fé no sistema previdenciário nacional. Aliás, muitos afirmam que veem criptomoedas e ações da bolsa como alternativas melhores.O estudo revelou que mais de três quartos das pessoas entre 20 e 39 anos de idade não confiam no sistema de pensões do estado. Mais da metade dos entrevistados que disseram estar fazendo seus próprios planos de aposentadoria afirmaram que estavam construindo seus fundos com ações e criptomoedas.Dada a enorme demanda por criptomoedas na Coreia do Sul, os ETFs de criptos podem gerar um fluxo de capital significativo no país, afirmou Lee em seu relatório. Ela argumentou que isso resultaria em ineficiências na alocação de recursos. Além disso, acrescentou que a liquidez do mercado financeiro e a saúde das empresas financeiras piorariam quando os preços caíssem.Por isso, a pesquisadora disse que o país deve fazer mais pesquisas sobre as potenciais perdas e benefícios da introdução dos ETFs de criptomoedas. Atualmente, Lee argumenta que as perdas serão maiores que os benefícios a serem obtidos.

A conclusão do estudo

O relatório do Korea Institute of Finance sobre os potenciais riscos dos ETFs de criptomoedas destaca a necessidade de cautela por parte dos órgãos reguladores. Afinal, embora esses produtos financeiros ofereçam alguns benefícios, não se pode ignorar os potenciais riscos para a estabilidade financeira, volatilidade do mercado e alocação de recursos.O estudo destacou a necessidade de uma pesquisa mais abrangente e de estruturas regulatórias robustas para garantir que a introdução dos ETFs de criptomoedas não leve a consequências indesejadas.

ETFs de Bitcoin ganham espaço no Brasil

Enquanto a Coreia do Sul discute a permissão para ETFs de criptomoedas no país, o Brasil vem recebendo de braços abertos esse produto financeiro. Afinal, os ETFs já são permitidos no Brasil há algum tempo, e há diversas opções para quem deseja investir nesse formato. Segundo a última atualização, existem 14 fundos de índice ligados a criptos e negociados na B3 (a bolsa brasileira).Entre os ETFs de criptomoedas disponíveis no Brasil, há modelos bastante diversos. Por exemplo, o Hashdex Nasdaq Crypto Index (HASH11) replica o desempenho do Nasdaq Crypto Index. Portanto, inclui várias criptomoedas, como Bitcoin, Ether e Litecoin. Aliás, esse foi o primeiro ETF de criptos do Brasil.Já o Hashdex Nasdaq Bitcoin Reference Price (BITH11) é o primeiro ETF de Bitcoin verde do Brasil. Afinal, ele tem como diferencial a compensação da pegada de carbono por meio de créditos de carbono.Além dessas opções, existem outras alternativas interessantes. Por exemplo, é possível investir no IT NOW Bloomberg Galaxy Bitcoin (BITI11), administrado pela Itaú Asset Management em parceria com a Bloomberg e a Galaxy Digital. Também há ETFs ligados ao Empiricus, parcerias com a Nasdaq e assim por diante.

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