Desempenho do PIB brasileiro contrasta com baixo investimento

Na terça-feira (03/12), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu +0,9% no 3º trimestre deste ano.
Essa comparação leva em conta o trimestre anterior. Quando se tem como base o 3º trimestre de 2023, o aumento é ainda maior, de +4%. Por outro lado, considerando o acumulado dos últimos quatro trimestres, o crescimento foi de +3,1%.
O desempenho do PIB brasileiro entre julho e setembro deste ano teve um empurrão da indústria (+0,9%) e do setor de serviços (+0,6%). Já a agropecuária registrou uma queda de (-0,9%).
Apesar das notícias positivas em relação à economia brasileira, analistas entrevistados pela Agência Brasil mostram preocupação com o nível de investimento. Afinal, investimentos baixos podem tornar o desempenho atual do PIB pouco sustentável nos próximos anos.
Brasil se destaca entre países do G20
Segundo a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, o Brasil teve o 4º maior crescimento do PIB entre países do G20 no 3º trimestre de 2024.
O G20 é um grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana. Portanto, o Brasil levou a melhor sobre muitos países importantes.
Por exemplo, o Brasil superou EUA, (+0,7%), Alemanha (+0,1%) e Reino Unido (+0,1%) nesse período. À nossa frente, ficaram apenas a Indonésia (+1,5%), a Índia (+1,3%) e o México (1,1%). Além disso, empatamos com a China, que também registrou um crescimento de +0,9% no PIB.
O crescimento do Brasil ocorre em meio a um contexto complicado na economia mundial. Afinal, os países mais ricos vêm apresentando dificuldades para retomar o crescimento após a crise do Coronavírus e as invasões da Ucrânia pela Rússia e da Palestina por Israel. Além disso, o comércio mundial vem sofrendo com o aumento do protecionismo.
Apesar disso, o último Boletim Focus trouxe uma revisão para cima da projeção para o PIB brasileiro em 2024. Atualmente, a perspectiva é de um crescimento de +3,22% este ano. Aliás, a própria SPE espera que haja novas revisões dessa projeção:
“A projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024, atualmente em 3,3%, deverá ser revisada para cima, repercutindo perspectivas de maior crescimento para a indústria e para os serviços.”
Taxa de investimento ainda preocupa
O IBGE apontou que a taxa de investimento no 3º trimestre chegou a 17,6%. Portanto, houve um crescimento em relação ao que foi observado no mesmo período do ano passado (16,4%). Ainda assim, o aumento pode não ser suficiente para sustentar um crescimento tão grande da economia nos próximos meses.
Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB da FGV, destaca que a taxa de investimento segue abaixo da observada em América Latina, como um todo:
“Subiu, mas, se comparar com outros países, ainda é uma taxa muito baixa. Na América Latina, por exemplo, está em torno de 21%.”
Além disso, há a expectativa de que a Taxa Selic, a taxa de juros básica da economia, aumente nos próximos anos. Afinal, a inflação também está em alta, e uma elevação dos juros pelo Banco Central (BC) é o mecanismo de resposta padrão nesse caso.
Caso isso se confirme, a perspectiva é de que acabe afetando ainda mais o nível de investimento. Consequentemente, o PIB brasileiro pode acabar desacelerando nos próximos trimestres.
Leia mais:






