Preço do Bitcoin oscila com dados dos EUA — O que vem pela frente?

O preço do Bitcoin (BTC) vem demonstrando uma forte volatilidade após a divulgação de um relatório sobre empregos nos EUA que trouxe dados melhores do que se esperava para setembro. O preço do BTC vem oscilando entre US$ 61.000 e US$ 62.000, enquanto os investidores avaliam o cenário econômico e os riscos geopolíticos atuais.
No entanto, o contexto parece oferecer poucas respostas claras sobre o futuro da moeda nas próximas semanas.
Desemprego em baixa pode afetar Bitcoin
A economia dos EUA criou 254.000 novos empregos em setembro. Portanto, veio bem acima da expectativa mediana de Wall Street, que situava esse dado em 147.000.
Além disso, a taxa de desemprego caiu para 4,1%. E o ritmo anual de crescimento dos salários chegou a 4,0%, acima dos 3,8% de agosto.
Esse relatório fez com que investidores e analistas macroeconômicos praticamente descartassem algumas apostas anteriores. Afinal, parte do mercado via a possibilidade de um corte de 50 pontos-base na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, em novembro.
Agora, segundo a ferramenta CME Fed Watch, os mercados já estão precificando quase 95% de chance de um corte de apenas 25 pontos-base no próximo mês.
Esses dados sustentam a perspectiva de que ocorra um “pouso suave” da economia dos EUA. Ou seja, nesse cenário, o Fed conseguiria controlar a inflação sem provocar uma recessão.
Esse possível caminho sugere que ocorra um ritmo mais lento de cortes nas taxas de juros. No entanto, ainda se espera que haja cortes mais substanciais no final do ano e em 2025. Uma eventual combinação de crescimento econômico robusto nos EUA e um cenário de política monetária mais flexível pode ser favorável para os ativos de risco, incluindo o Bitcoin.
Ao considerar que o preço do BTC caiu cerca de 6,6% desde o início da semana, será que podemos esperar uma nova recuperação em breve?
Geopolítica estaria travando o preço do Bitcoin
O risco geopolítico continua sendo um fator importante tanto no mercado de Bitcoin quanto para outras criptomoedas e nos mercados financeiros em geral. Afinal, espera-se para breve uma retaliação de Israel contra o Irã, depois do ataque com mísseis que o regime iraniano lançou a terras israelenses esta semana.
Isso poderia desencadear uma guerra aberta entre os dois países, o que teria um impacto considerável no fluxo de petróleo do Oriente Médio. Portanto, também representaria um risco elevado para a economia global. Principalmente, em um contexto de apetite moderado por risco — especialmente no mercado de criptomoedas.
Ainda não está claro quais serão os próximos passos do conflito no Oriente Médio. Afinal, há muitos atores envolvidos no momento. Após meses de ataques israelenses a Gaza, com retaliações moderadas de forças do Hamas, a recente invasão do Líbano pelo exército de Israel parece ter tornado tudo mais imprevisível.
Afinal, Israel agora luta em diversas frentes, e não se descarta um embate mais direto com as forças armadas do Irã. Como se trata de dois países com força militar expressiva, os efeitos disso tendem a extrapolar a região e causar problemas mundialmente.
Além disso, a proximidade das eleições nos Estados Unidos pode acrescentar um elemento explosivo à crise no Oriente Médio.
Isso porque o governo democrata, apesar de permanecer aliado de Israel, vem pressionando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por uma distensão do conflito. Já o adversário de Kamala Harris na eleição, o republicano Donald Trump, tem feito discursos em que defende mais apoio às aspirações israelenses.
Portanto, no último mês de campanha, as decisões de Netanyahu podem caminhar juntas ao seu desejo de ver Trump de volta à Casa Branca.
Qual o próximo passo para o preço do Bitcoin?
Sem os eventos geopolíticos recentes, os dados econômicos dos EUA desta semana provavelmente teriam impulsionado uma forte alta no preço do Bitcoin, talvez até chegando aos US$ 70.000.
O cenário macroeconômico positivo dos EUA aumenta a chance de uma recuperação forte ainda neste mês. Afinal, outubro costuma ser o melhor mês do ano para o Bitcoin.
No entanto, devido ao agravamento das tensões geopolíticas, o “uptober” pode não ocorrer este ano.
Pelo menos, é isso que os usuários do Polymarket estão apostando. Atualmente, eles colocam apenas 25% de probabilidade de o Bitcoin chegar a US$ 70.000 este mês. Por outro lado, a probabilidade de ele cair para US$ 55.000 está em 42%.
Além disso, o Standard Chartered, em uma nota desta semana, alertou que era provável uma queda de curto prazo abaixo de US$ 60.000. Apesar disso, eles recomendaram que os investidores aproveitassem essa desvalorização para comprar BTC.
Os eventos geopolíticos certamente terão um impacto de curto prazo em mercados como o de Bitcoin, assim como influenciam os valores das ações nos EUA.
No entanto, fatores de longo prazo, como o ciclo de flexibilização da política monetária global, podem levar o Bitcoin de volta a suas máximas históricas. Isso pode ocorrer ainda no final de 2024. Mas também é possível que fique para 2025.
Por enquanto, a expectativa é de que outubro continue sendo volátil. Já o marco do US$ 100.000 continua no horizonte para o preço do Bitcoin nos próximos trimestres.
3 fatores podem impulsionar o Bitcoin no último trimestre
Um relatório recente do CoinMarketCap apontou que 3 fatores podem impulsionar o preço do Bitcoin no último trimestre de 2024. Segundo o documento, todos eles têm relação com os EUA.
O primeiro fator seriam as condições macroeconômicas do país. Como já vimos, uma eventual recessão poderia limitar o crescimento do Bitcoin ao longo dos próximos meses. No entanto, até o momento, os dados apontam para a direção contrária.
Além das informações sobre o nível de emprego, será importante acompanhar os dados relativos à inflação e à produtividade de agora em diante. Afinal, eles serão decisivos para influenciar a decisão do Fed sobre juros em novembro e dezembro.
Outro fator importante é a influência política. Em meio a eleições altamente equilibradas, a expectativa é de que esse fator continue a provocar volatilidade no Bitcoin. No entanto, falas mais claras dos candidatos a respeito de regulamentação de criptos podem influenciar positivamente não apenas o BTC, como também outros ativos.
Por fim, será importante acompanhar o investimento institucional no trimestre recém-iniciado. Nesse caso, o foco está no volume de capital destinado a ETFs de Bitcoin e a negócios em geral nesse mercado. Afinal, esses elementos podem expressar a confiança dos investidores e motivar novas inversões em criptos.

Leia mais:
- Metade dos eleitores vê criptomoedas como tema importante nos EUA
- Governos de El Salvador e Argentina se aproximam devido ao Bitcoin
- Ripple testa a stablecoin RLUSD e cresce o interesse do mercado no XRP