Presidente do Paraguai afirma que “nenhuma criptomoeda saiu do país” após aumento da tarifa de mineração

Segundo o presidente da Administração Nacional de Eletricidade (ANDE) do Paraguai, Félix Sosa, nenhuma criptomoeda saiu do país após o aumento da tarifa. Desde o anúncio do aumento da tarifa (de 9% a 16%) sobre a mineração de criptomoedas, muito se falou sobre a possibilidade de as empresas do setor abandonarem o país.
Por exemplo, em julho, o porta-voz da Câmara de Mineração de Ativos Digitais (Capamad), Jimmy Kim, expressou preocupação com o aumento. Afinal, segundo ele, haveria um êxodo em massa das empresas com essa medida.
No entanto, desde o anúncio do aumento, em junho, não teria ocorrido nenhuma saída. Aliás, mais uma mineradora de Bitcoin escolheu se instalar no país nesse período.
400 MW à espera de novos contratos
Segundo Sosa, a empresa firmou contrato com a ANDE no final de julho. O acordo prevê o fornecimento de 6 megawatts (MW) de energia. A companhia se estabeleceu em Coronel Bogado, no departamento de Itapúa, a 300 quilômetros da capital Assunção.
Aliás, com esse novo negócio, chegou a 72 o número de mineradoras operando legalmente no Paraguai. No total, essas empresas somam 391 MW de potência contratada. Além disso, existem mais 400 MW aguardando a assinatura de novos contratos.
Sosa disse que esses novos contratos dependem apenas de uma avaliação técnica para serem fechados:
“É feita uma avaliação técnica para verificar onde instalar, onde a ANDE tem disponibilidade de potência para a instalação deste tipo de carga.”
Novo projeto pode gerar em torno de US$ 100 milhões
O porta-voz da agência de eletricidade paraguaia também falou de um projeto avançado para a instalação de um pool de mineração de Bitcoin.
Segundo Sosa, o projeto vai precisar de 100 MW de potência. No entanto, pode gerar aproximadamente US$ 100 milhões para o país ainda este ano.
O projeto envolve a Hive Digital, uma das grandes mineradoras de Bitcoin do mundo. A empresa anunciou em julho que tem a intenção de se estabelecer no Paraguai.
Capamad tem narrativa diferente do ANDE
Apesar das declarações de Félix Sosa, a Capamad e outras fontes seguem afirmando que as empresas estão saindo do país. Por exemplo, empresas como a Joint Venture e o Grupo Penguin já decidiram se mudar para países como Argentina e Brasil por causa do aumento.
Além disso, a Capamad afirma que mais de 50 empresas de mineração podem deixar o Paraguai. Segundo a entidade, isso resultaria numa perda estimada de US$1,5 bilhão em receitas. Também levaria à perda de 1.200 empregos diretos.
Políticos também criticaram o aumento
Além da Capamad, alguns políticos criticaram o aumento de até 16% para o setor de mineração. Por exemplo, o deputado Salyn Buzarquis chamou de “roubo” o reajuste. Afinal, segundo ele, as mineradoras legais já pagam mais pela energia elétrica do que outros consumidores.
Já o presidente da Capamad, Juanjo Benítez Rickmann, explicou por que tem dados diferentes de Sosa. Segundo ele, os comentários do porta-voz da ANDE são do final de julho, quando as empresas ainda achavam que poderiam negociar para evitar o aumento.
No entanto, desde 1º de agosto, quando o reajuste entrou em vigor, novas mineradoras têm pedido o cancelamento do contrato para a ANDE. Portanto, segundo Rickmann, isso comprova que o setor está insatisfeito com as novas condições.
Segundo o porta-voz da Capamad, Jimmy Kim, a mineração de criptomoeda representa 13% da faturação da ANDE hoje. Além disso, com a assinatura dos contratos pendentes, essa taxa pode chegar a 20%.

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