“ICHCoin”: FBI investiga golpe milionário com criptomoedas

O FBI iniciou uma investigação completa sobre um sofisticado golpe com criptomoedas envolvendo a plataforma fraudulenta ICHCoin. A trama teria levado ao desvio de mais de US$ 30 milhões de vítimas nos Estados Unidos.
O esquema começou em dezembro de 2023 e teve quase 600 indivíduos como alvo. Aliás, muitos deles perderam todas as economias com o golpe.
Amanda Culver, uma agente do FBI em Houston, rotulou o ICHCoin como um “esquema” e uma “fraude”. Agora, a agência de investigação norte-americana está pedindo que mais vítimas se apresentem.
Agora, o FBI está pedindo que todas as vítimas do ICHCoin ou de golpes semelhantes envolvendo criptomoedas se apresentem. Aliás, há um questionário no site do órgão para as vítimas relatarem suas experiências.
Como funciona o golpe do ICHCoin
O golpe do ICHCoin opera por meio de uma abordagem metódica e bem calculada. Seu alvo são usuários de redes sociais como o Facebook e o Instagram.
Em primeiro lugar, os criminosos entram em contato com as vítimas em potencial por meio de perfis falsos. Primeiramente, eles oferecem o que seriam conselhos e até mesmo cursos sobre investimentos em criptomoedas.
Esse contato inicial é feito para conquistar a confiança da vítima. Uma vez que a interação tenha sido bem-sucedida, o golpe passa para um aplicativo de mensagens, como o WhatsApp. Em seguida, a vítima é apresentada a um “especialista em criptomoedas”, que oferece orientações passo a passo sobre como fazer investimentos.
Então, as vítimas são rapidamente convencidas a transferir grandes somas de dinheiro para a plataforma ICHCoin.
A agente do FBI explicou que os indivíduos alvos do esquema podem ser até mesmo manipulados para mentir para seus bancos sobre a natureza das transações.
Uma vez que os fundos tenham sido transferidos, as vítimas ainda conseguem rastrear seus supostos investimentos por meio do aplicativo da ICHCoin.
No entanto, esse aplicativo oferece apenas uma ilusão de ganhos com os falsos investimentos. Afinal, quando as vítimas tentam sacar seus fundos ou coletar os rendimentos, são recebidas com silêncio. Em resumo, os golpistas param de responder ou simplesmente congelam as contas, impedindo os usuários de recuperar seu dinheiro.
Para a maioria das vítimas, a noção de que caíram em um golpe chega tarde demais, depois que suas economias já foram canalizadas para um sistema fraudulento.
Segundo Culver, o golpe é sofisticado e pode enganar qualquer um:
“A pessoa média certamente poderia ser vítima desse golpe.”
Até o momento, o FBI identificou vítimas apenas em Houston. No entanto, está investigando se há mais pessoas que caíram no esquema nos EUA.
FBI intensifica esforços contra fraudes em criptomoedas
As fraudes com criptomoedas já se tornaram um foco relevante do FBI. Afinal, milhões de dólares continuam sendo perdidos nesses golpes todos os anos nos EUA.
Como resposta ao número crescente de casos, o departamento intensificou sua repressão às plataformas de criptomoedas fraudulentas. Somente em setembro, o FBI emitiu diversos alertas sobre o aumento dos golpes com criptos.
No entanto, o problema é mais antigo. Por exemplo, o Centro de Reclamações de Crimes na Internet (IC3) do FBI relatou recentemente que as perdas em 2023 superaram os US$ 5,6 bilhões.
Crimes relacionados a criptomoedas representaram quase metade das perdas totais. A maioria delas estava ligada a golpes de investimento, que tiveram um aumento de 53%, passando de US$ 2,57 bilhões em 2022 para US$ 3,96 bilhões em 2023.
A maioria das reclamações veio de indivíduos com idades entre 30 e 49 anos, mais propensas a se interessar por criptomoedas. No entanto, vítimas mais velhas, com mais de 60 anos, foram as que sofreram o maior impacto financeiro no ano passado, com mais de US$ 1,24 bilhão em perdas.
No caso do ICHCoin, Culver observou que a investigação do FBI continua em andamento. Afinal, a agência está atrás de pistas para descobrir se os golpistas estão nos EUA ou no exterior.
Embora ainda não tenha descoberto as identidades precisas dos criminosos, o serviço de investigação está determinado a levar os responsáveis à justiça.
Além disso, o FBI emitiu um alerta aos americanos sobre o uso de serviços de criptomoedas não registrados. Nele, aconselha os usuários a usar apenas plataformas que tenham aderido às regulamentações contra lavagem de dinheiro (AML na sigla em inglês).
Hackers também são problema
Os golpes que usam falsas promessas de investimentos para roubar dinheiro das vítimas não são o único tipo de fraude envolvendo criptomoedas. Plataformas reais de criptos, tanto centralizadas quanto descentralizadas, também vêm enfrentando problemas de segurança.
Segundo dados da PeckShield, hackers roubaram mais de US$ 120 milhões em ataques cibernéticos a plataformas de criptomoedas em setembro. Esse valor corresponde à soma desviada em uma série de ataques, incluindo 20 incidentes de grande porte.
Entre os principais casos, estão os de plataformas como BingX, Penpie e Indodax. Afinal, juntos, esses hacks causaram perdas no total de US$ 90 milhões.
Ataques desse tipo são uma tendência crescente ao explorar falhas de segurança no negócio de criptomoedas. Eles contribuíram para que se chegasse a impressionantes US$ 409 milhões em perdas no terceiro trimestre de 2024, conforme um relatório recente da Immunefi.
Segundo o estudo da Immunefi, plataformas de finanças centralizadas (CeFi) são especialmente vulneráveis a brechas de segurança em grande escala. Por isso, serviços como esses foram os principais responsáveis pelo volume alto de fundos desviados.
No início de setembro, o Mercado Bitcoin precisou devolver os ativos de um cliente cuja carteira sofreu hacking na plataforma. A justiça ainda ordenou que a devolução ocorresse pela cotação de hoje, e estabeleceu uma multa no caso de falta de pagamento.
Originalmente, o valor que o cliente fraudado detinha em carteira correspondia a US$ 41 mil em BTC. No entanto, devido à valorização que o Bitcoin teve desde então, o investimento já estava avaliado em torno de R$ 300 mil quando saiu a decisão judicial.

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