Haddad não teme tarifas de Trump: ‘posição confortável’
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Em entrevista à rádio Band News FM, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou os possíveis impactos do ‘tarifaço’ do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o Brasil.
Haddad falou à Band News na última sexta-feira (11/4). Segundo ele, as tarifas impostas por Trump a outros países, incluindo o Brasil, não devem afetar a relação entre Brasil e EUA. Afinal, na sua opinião, os norte-americanos não teriam vantagem em insistir em uma retaliação no panorama atual.
A principal razão para isso seria o status da balança comercial entre os dois países, que é positiva para os EUA. Ou seja, o país exporta mais para o Brasil do que importa produtos brasileiros.
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Haddad: Brasil tem ‘posição privilegiada’
Para Haddad, o foco dos EUA é a China, mesmo que Trump tenha anunciado tarifas sobre quase todos os países no dia 2 de abril.
Aliás, posteriormente, o presidente norte-americano voltou atrás desse ‘tarifaço’ mais amplo e anunciou uma suspensão de 90 dias sobre os aumentos das taxas. Ele manteve uma taxa geral de 10% sobre importações de outros países enquanto negocia. No entanto, deixou justamente a China de fora, o que reforça a visão de Haddad e da maioria dos analistas.
Nos dias seguintes, Trump aumentou ainda mais a pressão sobre a China, com novos aumentos das tarifas de importação. No entanto, o país asiático segue respondendo na mesma moeda. Recentemente, anunciou tarifas de 125% sobre produtos norte-americanos, enquanto a taxa dos EUA sobre mercadorias chinesas chegou a 145%.
E onde o Brasil entra nessa história? O país segue negociando com os EUA, mas, segundo Haddad, não tem tantos motivos para se preocupar:
O Brasil ocupa uma posição privilegiada, pois aumentou suas exportações para os três grandes blocos econômicos: Estados Unidos, União Europeia e China. Temos acordos bilaterais muito relevantes com a China, além de acordos com o Sudeste Asiático. Também firmamos um acordo de livre comércio com a União Europeia que, na minha opinião, será acelerado em função dos últimos acontecimentos.
Um possível avanço no acordo do Mercosul com a União Europeia pode ocorrer antes do esperado face aos últimos acontecimentos. Afinal, enquanto os EUA se fecham, os demais países têm um estímulo para reforçar seu comércio com outros mercados.
Inflação, dólar e outros desafios
Na entrevista para a Band News, Haddad também abordou outro tema relacionado à crise comercial entre os EUA e os demais países: a instabilidade do dólar. Afinal, nas últimas semanas, principalmente, a moeda norte-americana tem oscilado bastante em relação ao real.
A cotação do dólar comercial chegou a passar dos R$ 6. No entanto, perdeu força recentemente, fechando a última sexta-feira (11/4) na casa dos R$ 5,87.
O ministro da Fazenda falou que espera uma desvalorização da moeda. Além disso, explicou que, na sua visão, esse seria o caminho mais lógico para os EUA seguirem:
Pela lógica, se os Estados Unidos têm um déficit externo de um trilhão de dólares, o natural seria que o dólar se desvalorizasse para corrigir essa distorção — e não o contrário. A valorização da moeda vai na direção oposta ao que os próprios americanos afirmam querer, que é melhorar as relações comerciais com o mundo.
Apesar disso, Haddad disse esperar por um discurso ‘mais claro e coerente’ do governo americano para agir em relação ao dólar.
Ele também admitiu que a inflação está alta. Mas negou que medidas recentes, como o estímulo ao saque do FGTS e ao crédito consignado possam atrapalhar a atuação do Banco Central (BC) para barrar o aumento dos preços.
No ano passado, tomamos diversas medidas fiscais, e o Banco Central adotou medidas monetárias justamente para conter a inflação, já prevendo um possível repique. Com a supersafra que estamos colhendo, acredito que vamos conseguir um pouso suave da economia, e a inflação deve retornar a patamares mais adequados.
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