Banco Central fecha acordo com o BC da China e abre portas para Drex e Yuan Digital

O Banco Central do Brasil (BCB) e o Banco Popular da China (PBOC) oficializaram um acordo histórico na segunda-feira (12/05), em Pequim. O pacto, firmado pelos presidentes Gabriel Galípolo e Pan Gongsheng, estabelece um swap de moedas entre as duas instituições financeiras.
Com isso, o Brasil se torna um dos países com acesso direto ao Yuan Digital para operações comerciais internacionais.
O principal objetivo do acordo é fortalecer a liquidez dos mercados financeiros em situações de necessidade. Conforme definido pela Resolução CMN nº 5.211, o valor máximo das operações de swap é de R$ 157 bilhões, com validade de cinco anos.
A parceria entre Brasil e China amplia o escopo de uso da moeda digital chinesa em transações internacionais, facilitando o comércio bilateral.
Essa iniciativa não é inédita. O BCB já possui um acordo similar com o FED dos Estados Unidos, chamado de FIMA (Foreign and International Monetary Authorities Repo Facility). Nesse arranjo, o Brasil pode acessar dólares americanos por meio de operações compromissadas com títulos do tesouro dos EUA.
O FIMA tornou-se permanente em 2021, demonstrando a relevância de acordos desse tipo para garantir a estabilidade econômica.
Acordo abre caminho para Drex e Yuan Digital
A China já possui acordos semelhantes com cerca de 40 bancos centrais ao redor do mundo, incluindo países como Canadá, Chile, África do Sul, Japão e a zona do Euro. Além disso, o acordo pode promover o uso do Yuan Digital e reduzir a dependência do dólar em transações internacionais.
Enquanto os BCs fecham acordos que podem promover CBDCs, os investidores estão de olho em moedas recém-lançadas que podem ganhar grande adoção.
O Brasil já tem experiência prática com a moeda digital chinesa. Em 2023, o Banco da China Brasil SA e a Eldorado Brasil realizaram a primeira transação comercial com a CBDC chinesa.
A operação envolveu a exportação de celulose para a China, marcando a estreia do Yuan Digital no continente americano.
O acordo entre Brasil e China também abre portas para o avanço do Drex, a moeda digital brasileira. Embora ainda esteja em fase de testes, o Banco Central não descarta o uso do Drex em operações internacionais no futuro.
Especialistas apontam que a parceria com a China pode acelerar o processo de interoperabilidade entre CBDCs, beneficiando a adoção do Drex.
Embora o Yuan Digital não utilize uma blockchain devido ao grande volume de transações, o Drex pode seguir um caminho diferente.
Atualmente, o BCB testa o uso do Hyperledger Besu, uma plataforma baseada no Ethereum EVM. A adoção final da tecnologia, no entanto, ainda depende dos resultados dos testes e da definição de protocolos internacionais.

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