Coinbase no S&P 500: o que isso significa para a exchange?

A Coinbase se tornou a primeira empresa cripto a integrar esse índice de destaque mundial. Curiosamente, a exchange está substituindo a Discover Financial, marca de cartão fundada nos anos 1980.
Como era de se esperar, o anúncio impulsionou o preço das ações da empresa, com alta de 9,3% no pré-mercado. Ainda assim, o valor de mercado atual da Coinbase é de US$ 52,7 bilhões. Isso representa uma queda em relação ao pico de US$ 86 bilhões registrado durante o IPO de 2021.
Enquanto o Bitcoin subiu quase 70% nos últimos 12 meses, a ação da COIN teve ganhos bem menores. No mesmo período, subiu apenas 4%. E no acumulado do ano, registra queda de 20%.

Mesmo assim, o CEO da Coinbase, Brian Armstrong, declarou que esse marco mostra que “as criptomoedas vieram para ficar”. Michael Saylor também parabenizou a empresa pela conquista.
Além disso, analistas da Bernstein expressaram otimismo. Em nota, eles escreveram: “Esse evento simboliza a virada de jogo para o setor cripto e sua crescente importância como fronteira da inovação financeira.”
Mas afinal, o que significa a entrada da Coinbase no S&P 500? E qual o impacto disso para os mais de 100 milhões de clientes que a empresa possui no mundo?
O “efeito índice” pode afetar a Coinbase?
Há tempos analistas dizem que ações adicionadas ao S&P 500 tendem a subir no curto prazo. Esse fenômeno ficou conhecido como “efeito índice”. No entanto, estudos mostram que esse efeito perdeu força desde 2010. A volatilidade, portanto, é menor do que antes.
Ainda assim, a inclusão continua sendo relevante. Isso porque fundos negociados em bolsa que acompanham o S&P 500 precisam comprar as ações incluídas.
Essa movimentação cria pressão compradora. Como resultado, milhões de investidores acabam expostos indiretamente ao papel.
Porém, a McKinsey & Company destacou algo importante em uma pesquisa recente. Segundo eles, o preço das ações costuma voltar ao seu valor intrínseco em até dois meses.
Mesmo assim, analistas da Oppenheimer acreditam que o efeito positivo da entrada no índice deve durar. O banco fixou um novo preço-alvo de US$ 293 para o papel.
Esse valor representa um salto de 41% em relação ao fechamento da ação na segunda-feira.
🧠Para saber que outros projetos cripto são promissores agora, leia também: Top 6 Criptomoedas Promissoras de Junho
Para entrar no S&P 500, a empresa precisa atender a certos critérios. Entre eles, ter valor de mercado mínimo, mais de 50% das ações em circulação e lucro positivo no último trimestre e no acumulado de 12 meses.
Essas regras ajudam a entender por que a MicroStrategy nunca entrou no índice. Nesse sentido, a empresa teve que se contentar com o Nasdaq 100, focado em tecnologia.
No caso da Coinbase, o lucro líquido entre janeiro e março foi de US$ 526,6 milhões. Apesar disso, houve uma queda de 22,5% na comparação com o mesmo período de 2024.
Mesmo assim, o cenário pode melhorar. O mercado cripto passam por uma fase de forte recuperação. O Bitcoin voltou a ultrapassar os US$ 100 mil. Já o Ethereum subiu 41% em somente sete dias.
Com isso, analistas esperam resultados mais sólidos no segundo trimestre. A expectativa é que mais investidores retornem, gerando taxas de transação maiores.
Surfando uma boa fase
Recentemente, a Coinbase ganhou manchetes após confirmar a compra da Deribit, plataforma especializada em derivativos cripto, por US$ 2,9 bilhões.
Segundo os executivos, a aquisição trará rentabilidade imediata e tornará a receita mais diversificada e estável. Um post no blog oficial explicou o motivo:
“As receitas com opções tendem a ser menos cíclicas que as do mercado à vista. Traders usam opções para se proteger tanto em altas quanto em quedas.”
Além disso, há apostas de que a Coinbase pode adquirir outras plataformas de cripto nos próximos meses. Isso se torna ainda mais possível com os US$ 9,8 bilhões em caixa que a empresa possuía no fim de 2024.
Apesar disso, há críticas sobre a forma como a Coinbase lida com sua reserva de criptoativos. Hoje, os ativos da empresa somam US$ 1,3 bilhão, após uma compra adicional de US$ 150 milhões no primeiro trimestre.
Mesmo assim, críticos apontam que isso é muito inferior ao volume acumulado pela MicroStrategy.
Durante uma transmissão ao vivo, o CEO Brian Armstrong abordou essa questão. Ele explicou que, nos primeiros anos da exchange, seria difícil investir agressivamente em Bitcoin.
Além disso, lembrou que a Coinbase é uma empresa operacional, não um fundo de investimento.
Após anos de desconfiança, as criptomoedas começam a ser levadas a sério por grandes instituições. A prova está no aumento dos aportes em ETFs de Bitcoin e Ethereum.

Leia mais:
- Previsão Bitcoin: ativo pode registrar uma nova ATH esta semana?
- Ação de empresa dispara 600% após se tornar ‘pró-Bitcoin
- Não compre Bitcoin: ele vai subir para US$ 200 mil, mas agora vai cair 20%