América Latina avança na adoção de stablecoins, aponta relatório da Circle
Empresas de fintech na América Latina estão implementando com rapidez diversas soluções de finanças digitais, impulsionadas pelo aumento da adoção de criptomoedas e stablecoins entre as pessoas.
Um relatório recente da Circle, emissora da USDC, revelou que entre 2021 e 2022, cidadãos latino-americanos receberam o equivalente a US$ 562 bilhões em moeda digital. A Circle enfatizou que as stablecoins desempenharam um papel fundamental nesse processo, integrando-se ao poder de compra dos consumidores da América Latina.
O volume global de transações com stablecoins atingiu US$ 7 trilhões no ano passado, metade dos US$ 14 trilhões movimentados por Visa e Mastercard. Como resultado, observa-se um movimento em direção às stablecoins na América Latina, onde elas são utilizadas para compras do dia a dia.
“A demanda de mercado bem estabelecida na América Latina, aliada ao apoio político e ao uso generalizado do dólar, torna a região um ambiente naturalmente propício para a adoção de stablecoins.”
Além disso, segundo uma pesquisa da Mastercard publicada no ano passado, mais da metade dos consumidores latino-americanos já realizaram transações com criptomoedas.
O que impulsiona a adoção de stablecoins na América Latina?
A adoção generalizada de criptomoedas é impulsionada por uma grande parcela da população na América Latina que não utiliza serviços bancários convencionais, com acesso limitado a serviços financeiros tradicionais.
Além disso, a menor desigualdade de renda na região é um fator crucial para a maior adoção de fintechs na América Latina.
“A América Latina está assumindo um papel de liderança no que se refere à moeda digital e à tecnologia financeira de forma mais ampla”, escreveu a Circle. “Isso se deve, em parte, à necessidade, já que muitas comunidades da região não têm acesso a serviços financeiros convencionais.”
O relatório destaca que a forte base de desenvolvedores da América Latina também é um fator importante para sua rápida adoção de moedas digitais.
A Circle faz uma comparação impressionante entre a evolução dos ativos digitais e a internet que começou a se formar nos anos 1990.
“As moedas digitais e as blockchains estão rapidamente ultrapassando a fase de ‘conexão discada’, com a experiência do usuário melhorando enquanto as próprias blockchains ficam mais rápidas, limpas e resilientes.”
A empresa de blockchain sediada nos EUA prevê que “trilhões de dólares em valor migrarão eventualmente para serviços financeiros baseados em blockchain” nos próximos anos.
“Instrumentos financeiros mais tradicionais migrarão para a blockchain, tornando-os acessíveis a populações significativas que tradicionalmente não tinham acesso”, acrescentou.
E quanto ao Brasil especificamente, como anda a adoção de stablecoins?
O mercado brasileiro de criptomoedas presenceia um aumento expressivo na adoção de stablecoins, como evidenciam os dados da Receita Federal. Em destaque, as stablecoins mais negociadas no Brasil são a USDT (Tether), a USDC, ambas atreladas ao dólar americano, e a BRZ, vinculada ao real brasileiro.
Surpreendentemente, o Tether alcançou um volume de transações acumulado superior a R$ 271 bilhões, ultrapassando quase o dobro do volume do Bitcoin no mesmo período.
Como resultado, no ano de 2022, o volume de negociações do USDT excedeu a soma de todas as outras criptomoedas negociadas no mercado. Até 2023, 80% do volume total de movimentações de criptomoedas no Brasil correspondia ao USDT.
Esta tendência crescente nas negociações de stablecoins despertou a atenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). Como resultado, a autoridade que emitiu um alerta sobre o potencial das stablecoins em substituir moedas nacionais.
O FMI ressalta que essa mudança pode afetar significativamente as políticas fiscais e monetárias, particularmente em economias emergentes.
Receita Federal do Brasil implementa novas ferramentas de monitoramento
Em resposta a esse fenômeno, a Receita Federal do Brasil tem empregado sistemas avançados de análise para monitorar as atividades de criptoativos.
Essa tecnologia permite a detecção de transações suspeitas e o rastreamento da localização das negociações de criptomoedas, contribuindo para a identificação de possíveis irregularidades fiscais.
O crescimento notório das stablecoins no Brasil reflete uma transformação importante no perfil das transações de criptomoedas no país, demonstrando uma inclinação para ativos digitais considerados mais estáveis.
BRZ, a stablecoin genuinamente brasileira
Lançado em 2019 pela Transfero, o BRZ Token revoluciona o acesso dos investidores brasileiros às plataformas de criptomoedas globais, oferecendo um caminho simples e descentralizado.
Simultaneamente, o token abre portas para que investidores internacionais explorem o mercado brasileiro.
Já consagrado como a principal stablecoin atrelada ao real, o BRZ reforçou sua posição no mercado nacional após adquirir a CryptoBRL (CBRL) em novembro de 2021.
Disponível para aquisição através da plataforma da Transfero, a stablecoin também está presente em diversas exchanges nacionais e internacionais.
Thiago Cesar, CEO da Transfero Swiss, destaca que o BRZ nasceu com a ambição de ser o primeiro ativo digital lastreado na moeda de um país emergente, no caso, o real brasileiro.
Ele salienta a tendência global de digitalização da economia, exemplificada por iniciativas de países como a China em refletir suas moedas nacionais na blockchain.
BRZ é a maior stablecoin da América Latina
O BRZ se destaca como a maior stablecoin da América Latina pareada a uma moeda nacional. Ela mantém a paridade de 1 BRZ para R$ 1, garantida por agentes de mercado com base nas reservas controladas pelo Reserve Manager.
Diferente de outros ativos, o BRZ não é especulativo e não gera rendimentos. Entretando, ele facilita o acesso a plataformas de finanças descentralizadas e exchanges internacionais de forma eficiente e econômica.
Embora o Banco Central do Brasil esteja desenvolvendo um projeto de moeda digital nacional, o BRZ, emitido pela Transfero, não possui vínculos com o governo federal.
Quem utiliza o BRZ?
Os principais negociadores do BRZ são indivíduos e empresas que atuam em múltiplas corretoras no mercado de criptomoedas. Eles movimentam recursos com frequência entre exchanges para investimentos ou proteção contra a volatilidade do bitcoin.
Surpreendentemente, cerca de 90% dos detentores do BRZ são investidores brasileiros.
Com relação às obrigações fiscais, a Instrução Normativa nº 1.888/2019 da Receita Federal do Brasil exige que as exchanges de criptomoedas nacionais reportem todas as transações acima de R$ 30 mil realizadas mensalmente em suas plataformas.
Adicionalmente, pessoas físicas e jurídicas que realizam operações independentemente de corretoras ou em empresas estrangeiras também devem declarar essas transações à Receita Federal, sempre que superarem o valor estipulado.
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