Estudo: mais de 50% dos brasileiros devem adotar ativos digitais até 2030

Um novo estudo do Mercado Bitcoin (MB) indica que, até 2030, a quantidade de usuários e investidores de ativos digitais pode chegar a metade da população brasileira.

Essa estimativa partiu de um time da área de Research da empresa, que reúne especialistas de diferentes áreas do mercado. O total de brasileiros com envolvimento em criptos poderia chegar a 120 milhões de indivíduos.

Brasil é mercado promissor, diz estudo

Os resultados do estudo foram apresentados como State of Digital Assets, cuja organização foi do próprio MB. Também esteve presente no Digital Assets Conference Brazil.

Atualmente, o Brasil ocupa a décima colocação no Global Crypto Adoption Index. Portanto, não apenas ocupa uma posição de destaque em adoção de criptoativos a nível mundial, como também é o primeiro do ranking considerando apenas países da América Latina.

De acordo com a pesquisa, o Brasil pode se beneficiar de um cenário altamente favorável a novas tecnologias financeiras. Por exemplo, o mercado doméstico de criptos pode se beneficiar do lançamento do Drex. Com isso, teria tudo para se tornar uma referência global na adoção de ativos digitais.

Reinaldo Rabelo, CEO do MB, comentou os resultados do estudo e as perspectivas para os próximos anos:

“Estamos vivendo uma mudança significativa na forma como os brasileiros lidam com o dinheiro e fazem investimentos. Esse crescimento acelerado é uma resposta à busca por alternativas financeiras mais flexíveis e acessíveis, especialmente entre os mais jovens.”

Rabelo ainda afirma que o processo de tokenização mudará bastante ao longo dos próximos anos, o que tornará tudo mais rápido e prático:

“Todo ativo que uma empresa ou pessoa tem vai ser facilmente monetizável. Hoje você ainda depende de estruturas fora do token para isso acontecer. Então, acho que esse é o desenho que a gente vai ver. Qualquer coisa vai poder ser dinheiro de maneira muito simples com o DREX.”

Segundo um levantamento recente da Sherlock Communications, 24% da população brasileira já tem criptoativos ou tokens digitais. Em 2023, o valor era de 14%.

Segundo o relatório State of Digital Assets in Brazil, a maioria dos investidores no mercado de tokens digitais é do sexo masculino e tem menos de 34 anos de idade.

Tokenização pode chegar a US$ 1 trilhão em 2025

Os dados apresentados no State of Digital Assets indicam que o mercado global de tokenização pode chegar a US$ 800 trilhões no longo prazo. Em 2025, a previsão otimista é de que alcance US$ 1 trilhão.

A capitalização de mercado atual de criptoativos é de US$ 2,24 trilhões, enquanto a do ouro é de cerca de US$ 17,8 trilhões. A fonte dessa informação é a Polymesh Network.

Alguns setores vêm impulsionando essa tecnologia, com destaque para o agronegócio e o mercado esportivo. A tokenização imobiliária também demonstra força. Portanto, não surpreende que o Brasil esteja em uma posição favorável para se beneficiar dessa transformação.

Segundo Rabelo, a tokenização permite o acesso de mais pessoas aos investimentos. Portanto, seria uma via democrática para impulsionar diferentes mercados.

“A tokenização abre um novo capítulo na democratização dos investimentos. Agora, qualquer pessoa pode acessar frações de ativos que antes eram restritos a grandes investidores.”

Além disso, a maior facilidade para negociar ativos na blockchain, que também é uma tecnologia altamente segura, vem transformando a maneira como os brasileiros fazem investimentos. Segundo o CEO do MB, o que se desenha é um mercado mais moderno e inclusivo:

“Estamos diante de uma oportunidade única de criar um mercado mais dinâmico e acessível.”

Os dados do estudo ainda apontam que as stablecoins, com capitalização de cerca de US$ 172, continuam sendo um dos produtos mais promissores quando se fala em ativos tokenizados.

No entanto, há diversas outras iniciativas com mercados robustos. Por exemplo, a tokenização de títulos da dívida dos EUA já alcança US$ 2,26. E o segmento de crédito privado corresponde atualmente a cerca de US$ 9,06 bilhões.

Drex favorece tokenização no Brasil

O projeto do Drex, o “real digital”, é uma das grandes apostas do setor de blockchain para desenvolver o mercado de ativos tokenizados no Brasil. Afinal, como explica o relatório, essa rede fará o onboarding de milhões de brasileiros ao ecossistema de blockchains.

Segundo o estudo, o Brasil tem uma população grande e já conta com uma adoção acima da média de criptomoedas. Além disso, trata-se de um público jovem. Afinal, 72% dos investidores em 2023 tinham menos de 34 anos — esse público também é formado por uma maioria masculina, que representa 63% do total.

Segundo Rabelo, o Drex é o Pix do mercado de capitais:

“A tokenização vai ficar mais simples porque todas as informações que hoje estão espalhadas e precisam ser condensadas por algum intermediário, por alguma estrutura, que hoje é essa mistura de securitizadora com plataforma de investimento participativa, vão ser integradas dentro dessa plataforma.

Os ativos já nascem lá dentro, passíveis de serem agregados e tokenizados, distribuídos, investidos e liquidados dentro da mesma rede. Isso vai facilitar a criação de produtos tokenizados, mas a gente só vai chegar nesse patamar da economia tokenizada se o Drex for bem sucedido.”

Fábio Araujo, coordenador do projeto do Drex no Banco Central (BC), também comentou o papel que a iniciativa pode ter nesse mercado:

“O Drex pode servir como esse hub para padronizar as comunicações e a interoperabilidade entre os serviços prestados para os agentes brasileiros. Você pode ter um padrão de interoperabilidade entre redes, e é no que a gente tem trabalhado agora, dado que a gente está construindo o sistema (…) Em termos de projetos de tokenização, uma coisa que a gente deve procurar evitar é a fragmentação do mercado. Então, o Drex tem o papel de tentar mitigar o potencial de fragmentação que esse mercado tem.”

Leia mais:

• Parceria da Ripple com Mercado Bitcoin lança solução para pagamentos internacionais com criptomoedas no Brasil
• Análise de preço: Solana salta do suporte de US$ 131 – SOL pode atingir US$ 200 em outubro?
• Fundo de investimentos DeFi da Grayscale e outras notícias do mercado cripto